Que os Espumantes Nacionais já são um sucesso e caíram no gosto do brasileiro não é uma novidade para a maioria das pessoas, mas conheces a história das borbulhas em solos Tupiniquins?
Frequentemente nos deparamos com o Espumante em grandes celebrações como Réveillon, casamentos, formaturas, confraternizações entre amigos e o nosso queridinho Nacional já está em 84% destes momentos conforme dados da Ideal Consulting. E por mais que este boom seja mais “recente” devido a excelente qualidade de nossos produtos, modernização e evolução dos processos, esta história começou a mais de 100 anos.
Tudo começou em 1915 com a fundação da Casa Peterlongo. Nesta época, o Champagne já era uma bebida consagrada e melhor lapidada depois de quase 200 anos passados das descobertas do abade Dom Pérignon e dos avanços obtidos pela viúva Clicquot também no começo dos anos 1800. Era um líquido mais estável, claro e bem mais doce do que o que conhecemos hoje. Mas igualmente valioso em toda a Europa.
Imigrantes
Os imigrantes italianos que para cá vieram, em sua enorme maioria do norte da Itália, não pensavam em produzir vinhos espumantes, no entanto, o vinho era essencial em suas celebrações religiosas, era parte indissociável de seus costumes e as uvas tornaram-se rapidamente uma fonte de renda, principalmente para os imigrantes que ocuparam algumas das cidades da Serra Gaúcha.
Se existe uma região no país que pode se considerar a “terra dos espumantes”, é a Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul. O clima e a terra ajudam muito na elaboração dos espumantes, já que a região é alta, o solo tem boa drenagem e exposição solar. Condições ideais. Um italiano chamado Manoel Peterlongo Filho imigrou para o País por volta de 1875, vindo da região do Trento, e trouxe consigo os conhecimentos da profissão que exercia, a de agrimensor. Ao chegar, instalou-se num lote na região central da colônia de Conde d’Eu.
Por sua profissão de engenheiro, ele foi convidado pela intendência estadual a participar da medição da área que se destinaria ao município de Garibaldi, realizando todo o traçado urbano e rural da cidade, por volta do ano de 1890. Casado com outra imigrante italiana e com 10 filhos (apenas um homem), Manoel trabalhava para o município e produzia vinhos para consumo próprio das uvas plantadas em suas terras, das variedades Malvasia, Moscatel, Vernaccia, Rabosa e Formosa.
Com uma pequena produção de espumantes, feitos pelo método tradicional, Manoel já havia conquistado pedidos de amigos e familiares, que compartilhavam taças em sua casa e, em 1913, decidiu inscrever um desses produtos no concurso da primeira exposição de uvas da cidade de Garibaldi. Foi lá que seu espumante ganhou a primeira medalha de ouro e o registro oficial que atesta o início da produção no País.
A Peterlongo cresceu rapidamente com o sucesso de sua “champanha” e em meados de 1920 o filho de Manoel Armando Peterlongo assumiu o comando da Vinícola e impôs algumas importantes alterações de modo a atender os regulamentos de produção da época e separar a produção industrial do espaço familiar. Após a consolidação de Peterlongo, outros vinícolas como a Salton e cooperativas como Garibaldi, Aurora também iniciaram as suas produções de espumantes.
No Governo de Getúlio Vargas, um gaúcho, a região ganhou muitos incentivos inclusive um decreto em 1932 para proteger e fomentar a indústria Nacional de vinhos, servindo nossos exemplares, inclusive, em uma visita oficial da Rainha Elizabeth II.
Outro momento importante para o Espumante Nacional foi a abertura economia do Governo Collor, inundando o país de produtos importados, forçando a modernização, investimentos e recondução
de vinhedos.
Isso fez com que nossos produtos ganhassem cada vez mais em qualidade, ótima relação custo X benefício e como acontece hoje, domina o mercado de espumantes no Brasil. Uma vitória que possui um nome de referência: Moscatel. Um Espumante produzido pelo método Austi que hoje lidera o consumo em nosso mercado
O sabor adocicado, amável e cativante do Moscatel Espumante se adequa perfeitamente ao paladar do novo consumidor que está descobrindo esta magnífica bebida. O clima tropical que existe em boa parte do Brasil continental oferece enormes oportunidades para este produto na beira da praia, em ocasiões festivas fora das refeições, a todo o momento.
Cumpre também o papel importantíssimo, com sua jovialidade e frescor, de introduzir ao mundo dos espumantes, pessoas que o bebem somente em ocasiões especiais. Um brinde ao sucesso do Espumante brasileiro!!
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