Manaus – Classe de materiais capazes de conduzir correntes elétricas e matéria-prima necessária para a produção de chips usados nos mais diversos aparelhos eletrônicos, o segmento dos semicondutores tem se tornado um mercado em potencial para investimento mundial.
Nos últimos dois meses, os Estados Unidos comunicaram a integrantes do Governo Lula o interesse em promover investimentos na cadeia de semicondutores no Brasil. Provocando a China com uma possível “guerra dos chips”, entre os governos. O assunto se tornou pauta durante visita do presidente brasileiro à Casa Branca em fevereiro deste ano, no qual foram citadas as oportunidades de investimentos voltados ao segmento que tendem a aparecer com a Lei do Chip, como mencionou a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo.
A probabilidade da implementação do setor pode deixar a Zona Franca de Manaus como um dos principais polos propícios para a entrada de fábricas e, caso consiga atrair investidores, a aplicação permitirá a geração de emprego e renda para o Amazonas.
Com uma atuação centrada nas oportunidades para empreendedores no Amazonas e na defesa do modelo Zona Franca de Manaus, responsável por 80% da arrecadação do Estado do Amazonas, o empresário e 1º vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Nelson Azevedo dos Santos, destaca que qualquer novo segmento é bem-vindo ao Polo Industrial de Manaus (PIM), especialmente quando se trata de um subsetor como o de semicondutores.
“Gostaríamos muito que uma fábrica de chips semicondutores fosse instalada no Brasil, e especialmente, no Polo Industrial de Manaus, porque esse segmento de microeletrônica de primeira linha contribui para o desenvolvimento tecnológico, traz crescimento econômico, contribui para a melhoria da balança comercial e impacta em aumento da eficiência em muitos setores da economia como a indústria automotiva, a saúde e a energia, entre outros, fazendo com que outros segmentos de máquinas e equipamentos possam se beneficiar desses processos tecnológicos que vêm embarcado na transferência da tecnologia”, pontuou.
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Para o vice-presidente, os semicondutores são componentes fundamentais para a indústria de informática e eletroeletrônica. Recentemente estamos passando por um grave problema no fornecimento desse insumo advindo dos países orientais.
Sobre a Lei dos Chips, que é um pacote de US$ 52 bilhões que foi aprovado pelo Congresso norte-americano com o objetivo de estimular a indústria, Nelson Azevedo frisa que a demanda por chips é mundial e não apenas na China, tendo em vista que os Estados Unidos impuseram uma série de restrições à exportação de chips, tecnologia e equipamentos para a China com o objetivo de atrasar o desenvolvimento do rival.
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“É um componente básico para toda a indústria tecnológica que, cada vez mais, depende de semicondutores para incorporar em seus produtos e entregar ao consumidor uma experiência única. Dessa forma, o mercado é gigantesco e podemos enfrentar algumas restrições e alcançar o tão sonhado fornecimento de itens de alta tecnologia para as indústrias ao redor do planeta”, explicou.
Ao portal Vanguarda do Norte, o senador da República, Plínio Valério, ressaltou que a vinda de indústrias para produzir semicondutores na Zona Franca de Manaus adensará mais a cadeia já consolidada do polo de eletroeletrônicos, entre eles, o de informática, além de atrair novos projetos para o Estado.
“A geração de emprego e renda para a região é importantíssima quando o mundo discute as mudanças climáticas e seu efeito na natureza. O Polo Industrial de Manaus mantém a floresta em pé e uma indústria de semicondutores é limpa, não poluente”, destacou.
O senador Plínio Valério frisou, ainda, que o seu papel no Senado Federal é defender a competitividade das indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus para que mais projetos sejam aqui implantados.
“Sempre há ameaças para o nosso Estado. Seja pela guerra fiscal, seja por uma possível reforma tributária. O Amazonas, apesar de muitos dizerem – bancada do Sul e Sudeste do País – que deveria viver da bioeconomia e não de indústrias que não tem nada a ver com a vocação do Amazonas, defendo que estas sejam complementares à atividade fabril de alta tecnologia, pois nenhum outro projeto gera tanto emprego quanto a atividade de transformação”, relatou o parlamentar.
“A informática já é o presente, cada dia mais interligada ao nosso dia a dia. O que deveríamos ter é uma forte política de estado voltada para o setor. Criar um polo de bens de informática na Zona Franca de Manaus exige muito mais do que a concessão de incentivos fiscais, é necessário pesquisa, infraestrutura de comunicação, estabilidade de energia elétrica, portos e aeroportos, mão-de-obra qualificada e, principalmente, volume para atender a demanda mundial e competir em igualdade com os bens oriundos, por exemplo, da China”, disse Plínio Valério.