Manaus (AM) – Premiado em festivais mundiais, o longa-metragem “O Rio do Desejo”, de Sérgio Machado, tem sua estreia marcada para o dia 23 de março nos cinemas do Brasil. Filmado no município de Itacoatiara (a 270 quilômetros de Manaus), a obra é baseada no conto “O
Adeus do Comandante”, de Milton Hatoum.
O elenco traz nomes como Sophie Charlotte e Daniel de Oliveira, que conversaram com o Vanguarda do Norte, no dia da pré-estreia em Manaus, ocorrida na última terça-feira (7), no Teatro Amazonas.
“Foi super intenso, de todos os lugares que já cheguei para filmar, esse foi disparado o mais aberto e amoroso”, afirmou a atriz Sophie Charlotte.
Daniel Oliveira, que é casado com Charlotte fora das telas, afirmou ter convivido como morador para internalizar o personagem.
“Na primeira semana, os moradores nos tratavam como algo surpreendente, mas depois já acostumaram. Nós estávamos entregues à cidade, querendo participar. Para você ter ideia, nós fomos em um velório do comandante da cidade, então nos envolvemos mesmo”, disse Daniel.
Muitas cenas foram gravadas no rio, o que fez Daniel classificá-lo até como um River Movie (Filme de Rio), e admitiram que a relação com as águas foi algo enriquecedor.
“A relação com o Rio foi mágica. Eu estava a fim de saber mesmo do local, conversando com todos, sendo uma rotina bem diferente”, diz Sophie.
Talentos locais
O filme conta com a participação de talentos amazonenses como Rosa Malagueta, Isabela Catão, Nivaldo Motta, Diego Bauer e o líder político Fidelis Baniwa. A atriz Sophie Charlotte frisou a importância da presença das figuras locais no longa.
“Foi enriquecedor, a convivência de todos foi tão boa, fomos recebidos com tanto afeto e amor. Isso é tão importante para um filme como o nosso dar certo, porque precisa dessa energia para fluir”, declarou.
Ser Amazônico
Charlotte e Daniel descreveram o que é o ser amazônico após as cinco semanas no Amazonas. “É múltiplo, não é apenas um, não é uma caricatura. O ser é imenso e possui várias culturas ao mesmo tempo”, definiu Daniel.
Literatura
Embora muito famoso pela procura das suas obras para adaptação para os cinemas, Hatoum deixa a claro que não sabe escrever roteiro.
“Eu não tinha ideia de escrever para ser filmado. É difícil transformar porque tem um lado psicológico bem presente”, disse Milton.
Hatoum recebeu o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), como uma forma de gratificá-lo pela contribuição na cultura amazonense.
O “Rio do Desejo” é a primeira adaptação que Milton participa diretamente, no qual escreveu mais páginas para a trama.
“O Sérgio trabalha em equipe. Ele ouve, e isso durou anos. Foram mais de 6 anos e foi maravilhoso trabalhar com todos”, reconheceu.
Ao falar sobre possibilidades para novas adaptações e como pode participar, o escritor afirma estar ansioso e animado para o futuro.
“Eu não sinto ciúmes dos meus livros. Não me intrometo nas adaptações, nem no roteiro. Dou toda autonomia para os diretores”, conclui Hatoum.