Manaus (AM)– Vindo de um mandato de vereador, o deputado estadual Rozenha (PMB), como é conhecido, está agora na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para seu primeiro mandato na Casa. Rozenha além de ser político é um dos mais bem sucedidos empresários de Manaus. Com toda a experiência que tem no setor privado, ele acredita que o empreendedorismo pode ser uma alternativa de geração de emprego e renda no Amazonas.
O deputado Ednailson Leite Rozenha, eleito no pleito de 2022, com mais de 20 mil votos começou sua vida na política em 2012, quando venceu as eleições para ocupar um cargo de vereador na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Em 2022, foi eleito Presidente Federação Amazonense de Futebol (FAF).
O parlamentar que é dono de uma empresa de calçados, que já está presente em quase todos os cantos do Brasil, contou um pouco mais de sua vida, suas opiniões e objetivos para o mandato de deputado em entrevista ao Portal Vanguarda do Norte.
“Eu sou empreendedor e acredito que o empreendedorismo seja talvez a opção mais eficaz para se gerar emprego e renda”, destacou o parlamentar.
Vanguarda do Norte-Nesses seus primeiros meses como deputado, qual tem sido a sua prioridade como novato na Casa? Há algum desafio que se impõe a políticos de primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam)?
Rozenha- Nesses primeiros meses como deputado tenho como prioridade pautar meu mandato próximo às pessoas. Tenho viajado toda semana, indo ao encontro do povo do Amazonas e, sobretudo estou buscado mecanismo para que seja gerado emprego e renda na capital, mas principalmente no interior.
Outra questão que estou bastante preocupado é com a saúde da mulher do interior que anda muito precária, por isso estou focado em tentar reverter esse cenário.
E não, não vejo nenhum desafio imposto a político de primeiro mandato. Eu por exemplo, já venho de um mandato de vereador o que meu deu certa cancha. Por isso, até o momento não tive dificuldades porque já tive essa experiência e sei como é a vida parlamentar.
VDN- Como empresário bem sucedido, o senhor conhece bem as dificuldades do amazonense em conseguir emprego e renda que não venha da Zona Franca de Manaus. O senhor tem alguma proposta para diversificar o modelo econômico do Amazonas?
Rozenha- Eu sou empreendedor e acredito que o empreendedorismo seja talvez a opção mais eficaz para se gerar emprego e renda, ainda mais no interior. Pois, o interior tem que gerar riquezas com o que há ao redor dele, ou seja, a floresta.
Eu acredito muito no bioempreendedorimo e na bioenconomia, então, se conseguirmos que empresas com médias tecnologias, não com alta, mas com média tecnologia se instalem em Manaus e assim fazer com que o primeiro ou segundo momento da industrialização seja no interior, com certeza vamos gerar muito emprego, pois a riqueza do nosso estado está na floresta.
E infelizmente, o povo que vive no meio dessa floresta está sem emprego porque ainda não conseguimos formar políticas que façam com que essa mesma floresta gere riqueza.
VDN- Inclusive o senhor lançou a ideia de que os responsáveis pela Reforma Tributária venham a Manaus conhecer a ZFM. Acha que existe de fora do Amazonas um preconceito com o modelo ZFM?
Rozenha– É imprescindível que o grupo venha a Manaus e aprecie de perto o modelo da Zona Franca porque muitos deputados não entendem com profundidade o que significa.
A Zona Franca não é um projeto econômico, mas sim um modelo de conservação ambiental que representa uma segurança do equilíbrio climático do planeta.
Então, é muito importante que eles vejam a realidade do Amazonas, do povo que protege essa floresta de e que eles vivem. Para que nessa reforma não tenhamos direitos constitucionais polidos ou que possam ferir e acabar com a competitividade da Zona Franca de Manaus.
Não digo que existe preconceito do pessoal de fora, existe desconhecimento. No caso de São Paulo, por exemplo, existe certa “inveja” de um modelo que deu certo e, talvez seja o único modelo desde o tempo da ditadura que está dando certo até hoje.
VDN- Falando em preconceito, o senhor é do Partido da Mulher, que curiosamente elegeu um homem para a Aleam. Como o senhor acredita que as mulheres podem ocupar mais espaços de poder. O seu partido tem um plano para isso no Amazonas?
Rozenha: Gosto muito ser desse partido e gostaria de ter elegido uma mulher. Também gostaria que mais mulheres se interessassem por política, mas há uma dissonância estrutural, onde as mulheres do Brasil não se interessam muito por política, mas isso tem mudado. Na Aleam temos quase 21% delas na bancada da Casa.
Vamos lutar para que ano que vem, nas eleições municipais, possamos eleger o maior número possível de mulheres. Vamos filiar mulheres. Ainda é muito difícil fazer politicas com mulheres e para mulheres, porque elas inda têm muito receio de entrar para a vida pública.
VDN- Recentemente uma vereadora de Borba foi acolhida na Aleam e conseguiu proteção policial, após ser vítima de ameaças do prefeito daquela cidade. O senhor como membro do Partido da Mulher tem acompanhado esse e outros casos de perto? Não acha que a política ainda é muito machista?
Rozenha- A violência politica existe e alguns tentam usar dessa força para intimidar mulheres com mandatos.
O caso da vereadora de Borba que foi ameaçada e intimidade pelo prefeito, mas que foi punido com prisão e processo. Outro caso também de uma parlamentar da Nova Aripuanã que estava sendo coagida por um policial da cidade mostra a grande luta que ainda temos.
Essa luta precisa ser encampada por mulheres, homens e pela sociedade como um todo. Infelizmente, a política ainda é um ambiente machista, um machismo estrutural, onde a maioria pensa que lugar de mulher é na cozinha. Porém, lugar de mulher é onde ela queira estar.
E sim, a política ainda é muito machista, um exemplo claro foi quando a primeira senadora do Brasil, Eunice Michiles, assumiu o cargo nos anos 80, não havia nem banheiro feminino no Senado Federal, na época.
Mas o cenário está mudando na medida em que elas estão ocupando mais espaços. A mulher pode contribuir muito nesse ambiente, basta elas se interessarem e irem para cima. Meu sonho é ver os 30% que a lei obriga de candidaturas femininas serem efetivamente ocupada por elas, e até mais que essa porcentagem.
VDN- Falando de política nacional. Qual sua avaliação sobre o governo do presidente Lula em relação ao Amazonas? A falta de um nome definitivo para comandar a Suframa lhe causa preocupação?
Rozenha- Eu me preocupo um pouco com a formação ministerial do governo Lula. Achei que ele colocou gente com pouco conhecimento técnico, mas com muita fama.
Essa demora em escolher um nome definitivo para comandar a ZFM denota certo descaso com o modelo que deu muito certo. Gostaria muito que esse o novo superintendente fosse amazonense por ter a sensibilidade necessária para lutar pela preservação da floresta e lutar pela proteção dos incentivos excepcionais da ZFM.
Mas acredito que o governo quer acertar, afinal, foi o governo Lula que prolongou e protegeu durante muitos momentos a ZFM.
Além disso, temos uma bancada amazonense no Congresso Federal que é alinhada aos interesses do estado. Mas infelizmente, ainda dependemos de força política para defender nossos empregos, mas não deviríamos mais passar por isso, se tivéssemos uma economia ampla e geração de renda.
VDN- O senhor acredita que os bolsonaristas, e temos representantes do grupo da Aleam, podem representar um papel de oposição útil no Brasil, ou acha que a polarização está dificultando o desenvolvimento do país?
Rozenha- Os bolsonaristas podem fazer oposição sim na Aleam, mas o grande líder deles ainda está fora do país e não se faz oposição à distância.
A polarização é ruim, pois tudo que é demais sobra. E essa polarização fez mal para o Brasil. Eu sou mais adepto de uma conduta mais amena, mais ponderada e é preciso que o Brasil tenha um momento de paz e de pacificação do país.
VDN- O povo brasileiro de uma forma geral afirma que os políticos trabalham pouco. O senhor é empresário, presidente da FAF e deputado. Concorda com a tese de que os políticos deveria ter mais horas trabalhadas, como acontece com um trabalhador de uma empresa privada, por exemplo?
Rozenha- Sou presidente da FAF na qual tem sido um desafio imenso na minha vida. Além de ser presidente de uma empresa que tem presença em quase todo o Brasil, com isso, consigo gerar muitos empregos.
Também sou um dos deputados mais atuantes em presença, pronunciamento e requerimento em projeto de lei no plenário e viajo toda semana para o interior a fim de conhecer de perto as demandas do povo.
Eu não sei se os outros políticos não trabalham, mas eu trabalho e muito, vivo cansado, mas sei que missão não se escolhe, se cumpre. Fui eleito para trabalhar e estou cumprindo meu dever.
VDN- Para finalizar, como parlamentar eleito pelo voto do povo, o senhor teme por nossa democracia? Vimos invasões de prédios, pessoas pedindo golpe na frente dos quartéis e outros movimentos nesse sentido. Isso lhe preocupa a curto e médio prazo?
Rozenha- O Brasil é um país de democracia madura, uma das maiores do mundo e nunca tive medo dessa ruptura acontecer, por mais que pessoas ficassem em frente aos quarteis, por mais que tenham acontecido invasões aos prédios dos três poderes em Brasilia.
A democracia é uma democracia perene, consolidada e inviolável além de ter as instituições fortes.
Por isso não acredito jamais que o Brasil possa ter uma quebra como aconteceu em países vizinhos. O Brasil é maior que qualquer ideologia. O Brasil é dos brasileiros e a democracia será amplamente respeitada pelo povo e protegida pelas instituições que as defendem, como Congresso Nacional, as Câmaras de vereadores e o Supremo Tribunal Federal (STF).