Manaus (AM) – A Ministra do Meio Ambiente (MMA), Marina Silva e o Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR), Waldez Góes, visitaram, na tarde deste domingo (26), áreas afetadas pelas fortes chuvas em Manaus.
Na companhia do governador do Amazonas, Wilson Lima e do prefeito de Manaus, David Almeida, os Ministros se direcionaram a Comunidade da Sharp e Jorge Teixeira, localizado na Zona Leste da capital, onde 8 pessoas, sendo 4 adultos e 4 crianças, morreram após um deslizamento de barranco no último dia (12) de março.
Durante uma coletiva de imprensa, Wilson Lima informou que o objetivo da visita dos ministros é para atender os estragos causados pela chuva na capital e governo do estado e a prefeitura já atua no auxílio às famílias afetadas.
“A gente sabe que esse é um problema que acontece todos os anos em Manaus. Então o que a gente começa a construir com o Governo Federal, são ações que possam resolver de forma definitiva esse problema”, comentou o governador.
Em relação aos moradores da Comunidade da Sharp, Wilson Lima informou que dentre as mil famílias atingidas pela cheia do igarapé devido a chuva, 266 foram realocadas. O governador deve ir nesta segunda-feira (27), a Brasília para informar sobre a situação regional, com intuito de acelerar o assentamento das vítimas.
Segundo o prefeito David Almeida, a chuva de sábado deixou mais pessoas desabrigadas que a chuva do último dia (12).
“Nós já recebemos um recurso. Não vou falar a ordem dele, pois se classifica em várias etapas, inclusive o episódio de ontem (sábado), também vai fazer parte dos recursos que virão para a prefeitura. Estive em Brasília, onde o presidente da República, Lula, se comprometeu em construir cinco mil moradias em Manaus e isso vai nos ajudar a tirar as pessoas dessas encostas”, informou David Almeida.
De acordo com o Ministro Waldez Góes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), determinou apoio integral às famílias afetadas pelo desastre ambiental no estado e no município.
“Isto nós recebemos do presidente Lula desde o primeiro dia de governo, tanto que neste momento o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, por meio da Defesa Civil, está assistindo 1.500 municípios. Especialmente o ocorrido aqui na comunidade do bairro Jorge Teixeirarelatou”, relatou o Ministro.
“Estamos atuando desde o primeiro dia do ocorrido, para fazer o reconhecimento da situação de emergência. Publicamos ainda durante o final de semana, no Diário Oficial da União, as informações recolhidas e de lá começamos os planos de trabalho”, completou.
Góes ainda ressaltou que a chuva que atingiu a cidade de Manaus no sábado (25), fez com que o Ministério retomasse novamente a discussão com a prefeitura, em relação ao plano de ajuda humanitária.
“No entanto, o governo federal tem por determinação ajudar também no reestabelecimento que diz respeito à limpeza, desobstrução e reconstrução das áreas afetadas. Muitas casas foram 100% danificadas no evento de ontem, segundo informações da prefeitura, e outras foram em partes. Então na quarta-feira (29) nós teremos um técnico aqui, especialista só nesta área de plano para reconstrução e priorização da parte habitacional”, enfatizou Góes.
Mesmo com o anúncio do presidente Lula sobre o programa Minha Casa, Minha Vida, que irá construir casas no estado do Amazonas, grande parte na capital, a Defesa Civil pode entrar em situação de emergência reconstruindo as casas que foram perdidas por inteiro, por se tratar de áreas de risco.
Os recursos para a construção das residências, só será repassado à Prefeitura, após ser realizado o mapeamento das áreas de risco da região, estudando o solo, para que as novas casas sejam construídas em zonas consideradas seguras. Após essa fase, será mostrado o plano de ação ao MDR.
A ministra Marina Silva ressaltou a importância entre o governo federal, estadual e os municípios.
“Esse trabalho conjunto é uma sinalização de que a gente precisa criar uma dinâmica diferente. Imediatamente reconhecendo o estado de emergência, você toma as atitudes que são emergências”, disse a ministra.
“A ajuda humanitária é o que vem primeiro, depois vem os projetos técnicos para a parte de reconstrução, das edificações que são necessárias. Então o projeto não é mais aquele que tinha que ficar tudo determinado a priori porque se não a situação se agrava. E o que nós vamos fazer? Além da situação de emergência, são os projetos de prevenção, esses são os projetos de médio e longo prazo”, completou.
Marina Silva também falou sobre o impacto das mudanças climáticas no qual o Ministério e o Governo Federal discutem sobre o estado de emergência climática, permanente para municípios comprovadamente vulneráveis.
“Estamos vivendo sob o efeito das mudanças climáticas que estão se agravando a cada dia. Esses eventos extremos, seja de seca em algumas regiões e de muita chuva em outras, levam a essas situações catastróficas e eles vão continuar”, disse Marina Silva.
“Nós temos 1.308 municípios onde a possibilidade de ocorrer esses eventos extremos associados a mudança do clima. Então há uma sugestão, que está sendo debatida no governo, para que se decrete estado de emergência climática permanente nos municípios pontuados como vulneráveis, para que se tenha uma ação continuada”, completou.
A ministra disse ainda que não se muda uma realidade da noite para o dia e novamente ressaltou a importância de um trabalho conjunto entre a esfera Federal e Estadual.
“A estrutura de uma cidade que se precisa revisitar plano diretor, código de postura, fazer intervenção de drenagem, remoção de população da noite para o dia, é preciso uma ação conjunta, Governo Federal e Estadual. Se não, a gente não vai dar conta. Ter a clareza de que temos de enfrentar com ações de mitigação, evitando mais desmatamento, emissão de CO2, para não ter mais aumento da temperatura da Terra, e ao mesmo tempo as ações de adaptação. Quando se faz a mudança da estrutura de um determinado bairro e às vezes até remove as populações das encostas e das áreas vulneráveis para áreas mais adequadas, esse é um processo de adaptação”, finalizou.