Manaus (AM) – Pais de alunos de escolas da rede pública de Manaus relatam o medo em relação à segurança dos filhos após uma série de ataques ser registrada no Brasil e a divulgação de uma suposta ameaça de massacre em uma unidade de ensino da capital amazonense, divulgada nas redes sociais na última segunda-feira (3).
A Escola Municipal Sérgio Augusto Pará Bittencourt, localizada na rua Prof Maria J Brigido, bairro Novo Israel, na Zona Norte de Manaus, vive dias de medo e tensão.
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Nas mensagens ameaçadoras divulgadas por um suposto aluno, consta o motivo pelo qual ele planejava atacar crianças e adolescentes da unidade de ensino.
“Cansei de sofrer bullying. Eu entendo aquele moleque, de 13 anos, que esfaqueou a professora e vou reproduzir com todos os alunos, mas não vou falar o dia ou o mês”, disse o suposto adolescente em um perfil de confissões. Ele ainda enfatiza “não pense que é brincadeira”.
Rapidamente, a notícia sobre as ameaças chegou até alunos da escola Sérgio Augusto, momento em que eles alertaram os seus responsáveis.
A microempreendedora Kristina Fernandes, conversou com a reportagem do Vanguarda do Norte e disse temer pela vida dos três filhos que estudam em Manaus.
“Eu temo pela vida dos meus filhos e de todas as crianças que estudam nessas escolas de Manaus. Não é a primeira vez que esses jovens fazem esses tipos de ameaças, que tanto pode ser uma notícia falsa, como também pode acontecer aqui a mesma coisa que aconteceu lá em São Paulo”, disse Kristina.
Na escola Sérgio Augusto Pará, os pais e responsáveis ficaram desesperados com as ameaças e foram até à frente da instituição para ter informações sobre o que estava acontecendo e retirar as crianças da escola às pressas.
A jornalista Renata Saraiva, que também é mãe de aluno, diz que a segurança na estrada das escolas públicas de Manaus devem ser reforçadas com policiamento e equipamentos de identificação de armas.
“Precisamos de mais seguranças treinados nas frentes das escolas e também um sistema para identificar uma possível entrada de armas nas instituições. Outra coisa importante é sempre levar o adolescente até um profissional, quando notar algum comportamento estranho. Eu tenho um filho adolescente e não conheço muito bem sobre jogos, mas sempre que vejo ele com algum game de matar outras pessoas, eu converso logo com ele pois tenho medo das atitudes futuras”, disse a jornalista.
Alguns foram até o 18° Distrito Integrado de Polícia (DIP), aonde boletins de ocorrência foram registrados sobre a situação.
Recentemente, na cidade de Maués, interior do Amazonas, três alunos foram apreendidos por ameaçarem fazer um massacre na escola em que eles estudam.
Sobre o caso, os adolescentes pichavam as paredes nos banheiros e prometiam matar todos os demais estudantes, alegando que eles sofriam preconceitos.
Massacre em Santa Catarina
Uma creche foi alvo de um ataque, na manhã dequarta-feira (5), em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. De acordo com a Polícia Militar, quatro crianças foram mortas e uma está em estado grave.
O ataque aconteceu no início da manhã na creche Cantinho Bom Pastor, que fica na rua dos Caçadores, no bairro Velha. A unidade de ensino é particular.
A psicóloga Lúcia Almeida conversou sobre o assunto e o tarjou como “muito delicado”, além de abordar pontos importantes sobre o que pode levar uma pessoa a sentir prazer em ferir outras, como ocorreu durante os ataques registrados no Brasil.
“Isso é um assunto muito delicado, pois estamos vivendo um tempo de muitas enfermidades, não só as instaladas no corpo mas também as da mente, que é a falta de amor e limite. A gente vive em uma fantasia trazida pela internet, que é uma evolução benéfica, mas infelizmente não estávamos preparados para essa evolução”,
afirma a especialista.
A psicóloga ainda enfatizou o papel crucial da família sobre o controle de conteúdo consumido por crianças e adolescentes na frente de um computador.
“Como pais dessas crianças da nova geração ligada à internet, temos que monitorar o conteúdo oferecido pelos sites, mas infelizmente nem todos estão preparados para lidar com essas atuais situações da evolução. A humanidade precisa hoje de compaixão, pois todos falhamos com o amor”
comenta.
Segundo a polícia, um homem de 25 anos invadiu a creche com uma machadinha, atacou as crianças e depois se entregou no Batalhão da Polícia Militar da cidade.
“A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, que tem expertise na extração de dados de telefone e computadores. A gente quer identificar se tem mais algum participante, se mais alguém participou, como ele tramou esse plano, onde ele obteve informações”, disse o delegado-geral.
A Polícia Civil e equipe do Instituto Médico Legal (IML) foram até o local do fato para realizar os primeiros levantamentos. Todas as crianças que estavam na escola foram retiradas pela polícia e entregues aos pais.
O ataque ocorre menos de dez dias após uma escola em São Paulo ser alvo de um aluno adolescente que matou uma professora com golpes de faca e deixou outras três feridas, além de um estudante. Desde 2011, mais de 10 escolas foram atacadas por criminosos no Brasil.