Manaus (AM)– No segundo domingo de maio comemora-se o Dia das Mães, uma data que enaltece a maternidade de muitas mulheres e o papel fundamental que elas têm na vida de seus filhos. Além disso, é importante ressaltar também o papel das mães como trabalhadoras em vários espaços na sociedade, principalmente, em cenários que elas estão conseguindo ter mais representatividade, como na política.
Nos últimos anos a participação das mulheres na política tem crescido de forma significativa. No entanto, mesmo com essa representatividade crescente, ainda existem obstáculos a serem enfrentados por elas, um deles é na conciliação entre vida profissional e a maternidade.
O portal Vanguarda do Norte conversou com algumas mulheres que atuam como deputadas no Amazonas e elas relataram as dificuldades que enfrentam para dar conta da vida corrida que a política exige e mesmo assim ter tempo para cuidar dos filhos e aproveitar os primeiros anos da maternidade.
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Uma das parlamentares, é a deputada Joana Darc (UB), que está em seu segundo mandato na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), é mãe do Joaquim de 2 anos que tem Síndrome de Down, o que segundo ela, é um desafio “extraordinário”.
“Na sociedade, ser mãe é um grande desafio, agora ter uma maternidade atípica é viver um desafio extraordinário […] sempre aproveito o máximo de tempo possível com ele, pois a vida política é corrida. Tenho minhas responsabilidades como parlamentar, que luta pelos direitos das mulheres e, consequentemente, das mães”, ressalta Joana.
Joana destaca também a pressão que a sociedade impõe em cima da maternidade e afirma que depois que se tornou mãe, busca forças no filho para poder continuar na vida pública.
A parlamentar frisa a importância de leis que amparem e deem suporte às mães, ainda mais quando elas criam os filhos sem a presença do pai ou sem qualquer outra ajuda.
“Por exemplo, o Projeto de Lei (PL) nº 38/2023 dispõe sobre a prioridade na matrícula de filhos de mulheres vítimas de violência doméstica, em creches no nosso Estado. Isso garante que a mãe consiga conciliar a maternidade, o emprego e, principalmente, tenha a segurança de sua vida […]. Também sou autora do PL nº 323/2023, que trata sobre a criação do Banco de Empregos para mulheres vítimas de violência e/ou em vulnerabilidade social e, principalmente, as mães solteiras.”, reafirma.
Já a deputada parintinense, Mayra Dias (UB), mãe do Henry, que completou um ano recentemente, enfatizou que não é fácil a tarefa de tentar conciliar os papeis de parlamentar e mãe, mas que ela procura ser o mais presente possível na vida do filho sem deixar de lado seu compromisso com o povo.
“Ser mãe e parlamentar é um desafio muito grande, mas eu tento sempre estar presente com meu filho, principalmente agora nessa fase de desenvolvimento e para não perder nenhum momento com ele. Quando não consigo, levo ele para o trabalho para ficar mais próximo dele”, enfatiza.
A ex-miss Amazonas destaca ainda que a sociedade cobra muito da mulher que é mãe, por conta disso a mulher se sente pressionada a fazer de tudo para conciliar trabalho e vida materna. Mesmo com apoio da família e marido, ela afirma que é uma tarefa cansativa.
Compartilhando do mesmo pensamento de Mayra, a deputada Mayara Pinheiro, frisa que toda mãe que exerce uma função dentro ou fora de casa “precisa buscar o máximo de equilíbrio para encarar cada desafio e cumprir com suas responsabilidades, que nem sempre conseguimos 100%”, destaca.
Mayara, mãe de duas meninas, destaca a importância de poder acompanhar o as fases e desenvolvimento das filhas, mas segundo ela, nem sempre é possível já que assim, como outras mães que trabalham, nem sempre pode estar presente em todos os momentos.
“A saúde delas é muito importante para que meu trabalho flua e eu possa cumprir minha agenda de trabalho e compromissos de forma mais tranquila”, afirma.
Diferente de mães que não têm apoio familiar e nem dos maridos, Mayara enfatiza que tem todo o suporte possível para criar as filhas, tanto da família quanto de seu esposo o que faz com que ela lide com as pressões de forma mais leve.
“A pressão sempre vai existir e eu busco lidar com isso da forma mais leve possível e nas múltiplas funções e atividades na vida política e pública, sou muito abençoada por ter uma família que me dá o apoio necessário e a base para que meu trabalho seja um sucesso”.
A deputada ainda afirma que a presença de mães na política faz a diferença porque é uma forma também de chamar a atenção do poder público para as diferentes dificuldades e vivencias das mulheres, pois segundo ela, o acolhimento a elas deve começar desde a gestação.
“O acolhimento da mãe deve começar na gestação e continuar em cada etapa da criação do seu filho. Um bom pré-natal, creches, atendimento de saúde básico, escolas de educação infantil, essas são prioridades que uma mulher enxerga, perfeitamente, porque ela necessita desse apoio na sua luta diária. Por isso, levanto essa bandeira na ALEAM para que a mulher tenha a base que precisa para alcançar o espaço que merece”, finalizou.
Creches como base de apoio
Uma realidade de muitas mães manauaras é a vontade de trabalhar fora de casa e na maioria das vezes não ter com quem deixar os filhos e nem dinheiro para pagar alguém para cuidar. Para muitas dessas mulheres, a creche é a única opção para dar a elas suporte.
As creches servem como base de apoio, principalmente para mães solteiras, que se veem obrigadas a trabalharem fora para trazer sustento aos filhos.
Hoje, a prefeitura de Manaus, oferece um total de 24 creches municipais, sendo 20 próprias e quatro conveniadas, que atendem crianças de seis meses até três anos de idade, conforme os dados da Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Uma das contempladas é a professora Francinayra Gomes, 31, que conseguiu uma vaga para seu filho de dois anos na creche na municipal Maria do perpétuo Socorro Trindade Sena.
A professora diz que conseguiu a vaga após ficar no cadastro reserva por 7 meses, e que durante esse período ficou sem poder trabalhar pois o marido trabalha fora e não havia ninguém para ficar com o filho.
“Conseguir uma vaga me ajudou a voltar ao mercado de trabalho, pois no período em que ele estuda, eu posso trabalhar sem a necessidade de ter um custo a mais por isso”, enfatiza.
Ela também afirma que a creche onde o filho estuda passa a ela bastante segurança e tem uma excelente estrutura, o que a deixa mais tranquila ao deixar o filho no local para ir trabalhar.
“Oferecer um maior quantitativo de vagas, abrir mais creches, contratar mais profissionais, oferecer vaga pra quem realmente deseja trabalhar e não tem com quem deixar (inclusive deveria ser um dos pré-requisitos)”, destaca ela quando perguntada sobre como o poder público pode ajudar ainda mais as mães.
Por meio de nota, a Semed também informou que incluiu em 38 Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei), turmas do Maternal 3.
“Com isso a rede municipal de educação atende mais de 7 mil crianças de 1 a 3 anos de idade, sendo assim, aproximadamente 7 mil famílias são beneficiadas”.
Embora a oferta seja grande, não é suficiente para atender todas as mães que procuram essa ajuda, é o caso da industriaria Graciara Ferreira Ramos, 42, que ainda aguarda uma vaga no cadastro reserva.
“Faze uns 6 meses que luto por uma vaga, não há vagas. Desde a divulgação dos contemplados das vagas nas creches, fiquei na lista de espera. E até hoje espero, mas não tem como nos atualizarem sobre as vagas disponíveis”, desabafa.
Graciara afirma que já perdeu várias vagas de emprego por não ter com quem deixar o filho e a creche seria a solução para anemizar esse problema.
“Nem sempre alguém da família terá a disponibilidade de ficar com o meu filho de 2 anos. Houve recentemente uma divulgação pelos jornais locais, que o SESI em parceria com a Semed , abririam vagas para creches , mas eu me pergunto, porque não destinar essas vagas para as pessoas que estão na lista de espera”, questiona a industriaria.
A importância das creches para as mães trabalhadoras em Manaus é clara. Além de garantir a segurança e o bem-estar de seus filhos, as creches permitem que essas mulheres trabalhem com tranquilidade e, ao mesmo tempo, oferecem uma oportunidade de aprendizado e desenvolvimento para as crianças.
No entanto, é importante que o poder público invista em infraestrutura e capacitação dos profissionais que atuam nessas instituições, a fim de garantir a qualidade do atendimento prestado às crianças e às mães trabalhadoras.
Edição: Hector M S Silva