Manaus (AM) – “Não são os trabalhadores que são intransigentes, se há intransigência é do nosso empregador”, disse a presidente do Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas), Ana Cristina, em resposta às declarações com tom de ameaça feitas pelo governador Wilson Lima (UB), durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (1º).
Após entrevista em mesa coletiva, Lima disse que a greve dos professores é um movimento político-partidário, já que líderes do movimento devem sair como candidatos ao legislativo em 2024.
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Ana Cristina foi candidata a deputada estadual em 2022, porém, afirmou não ser pré-candidata e que não se candidatará a nenhum cargo político nas próximas eleições.
De forma ameaçadora à categoria, o chefe do Executivo Estadual falou, em conjunto a Secretaria de Educação, sobre abrir um processo seletivo emergencial para substituir os trabalhadores que estão em greve.
Após 16 dias de greve, o governador retrocedeu nas propostas feitas aos trabalhadores do Estado.
“Ontem saímos da Casa Civil com uma proposta do governo de 15,19 e mais alguns itens da pauta, e estávamos certos de que seria um ponto pacífico, pois perguntamos várias vezes se era o percentual final do Governo. O Chefe da Casa Civil [Flávio Cordeiro], diante de deputados como o presidente da comissão de educação da ALE-AM [Cabo Maciel], a deputada Joana Darc (UB), a deputada Débora Menezes (PL), o deputado João Luiz (Republicanos) e o deputado Rosenha (MDB), disseram que sim. Nós pedimos um documento e disseram que não havia necessidade porque as pessoas que estavam ali iriam dar credibilidade à proposta”,
disse Ana Cristina.
A proposta aos servidores da Seduc (Secretaria de Educação do Amazonas) caiu de 15,19% escalonado para 8% retroativo a março deste ano.
“Dissemos a verdade, que era um Governo, de certa forma, ditador e autoritário e que era aquilo ou nada!”,
declarou a presidente do Sinteam ao avaliar a postura do político.
A presidente ressalta que o movimento da greve está previsto em leis trabalhistas, e não há um percentual para sua deflagração.
“Nós fizemos cinco assembleias e a greve é uma construção conforme o movimento vai crescendo e tivemos muitos trabalhadores na rua e tivemos apoio das mães dos pais e dos nossos alunos”.
Adesão
O governador Wilson Lima afirmou, ainda, que nem 60% dos professores aderiu ao movimento, no entanto, os grevistas não são apenas profissionais da educação.
“Não condiz com a realidade, pois se for pegar a lista de assinaturas dos professores grevistas, dá para ver que esse percentual é bem maior”, afirmou Ana.
A manifestação conta com merendeiros, servidores administrativos, vigias e profissionais de serviços gerais que reivindicam um reajuste salarial de 25% e solicitam um aumento nos valores do vale-alimentação e auxílio-localidade, revisão do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração, bem como a manutenção do plano de saúde e sua extensão para os aposentados.
Proposta
Na última sexta-feira (26), os trabalhadores da educação rejeitaram a nova contraproposta de reajuste salarial de 14% por parte do Governo do Amazonas, e decidiram manter a greve. A decisão foi tomada em uma assembleia geral realizada na manhã da última terça-feira (30). O governo propôs pagar o aumento de forma escalonada, sendo 8% agora e os 6% restantes somente em julho de 2024.
A última proposta foi apresentada pela categoria dos professores, com o reajuste de 15,19%; abono das faltas; restituição imediata dos descontos; pagamento das progressões verticais e estudo para pagamento das horizontais; reposição das aulas; acordo para o fim da Ação Pública; aumento de 30% do ticket alimentação, revisão do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR). A nova proposta foi rejeitada.
Nesta sexta-feira (1º), será formada uma nova Assembleia do Sinteam no Clube Municipal para apreciar a proposta apresentada formalmente pelo Governo do Estado para a comissão de negociação com a presença dos deputados Cabo Maciel, Joana Dark, Déborah Menezes, Felipe Souza, Rozenha e João Luiz, que foi:
Sendo um reajuste de 15,19% com 8% imediato, 3% em outubro e 4,19% em maio de 2024. Além de devolução dos descontos das faltas em 10 dias, condicionado ao encerramento do movimento grevista; o enquadramento vertical (por titularidade) de imediato; o Enquadramento horizontal (por tempo de serviço) condicionado a estudo de impacto de folha para 2024; a construção imediata de comissão para revisão do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) com garantia da participação dos representantes dos trabalhadores; e um calendário de reposição com a participação dos trabalhadores.