A Operação Jurupari, deflagrada nesta terça-feira (27) pela Polícia Federal, mobiliza 20 policiais federais e 10 militares do Exército Brasileiro, no cumprimento de três mandados de prisão preventiva e oito ordens judiciais de busca e apreensão expedidas pela 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária da SJAM, em Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Ponta Grossa (PR).
A ação é o resultado de investigações iniciadas em 2020 e, nesta terça-feira (27), apreendeu joias e outros objetos de luxo por determinação da Justiça que também estendeu as ações para o bloqueio de bens e valores das pessoas físicas e jurídicas investigadas, que não tiveram suas identidades reveladas, tal como o sequestro de bens móveis e imóveis que, eventualmente, estejam em sua posse.
Início das investigações
A prisão em flagrante de duas pessoas na cidade de Ji-Paraná (RO), em 2020, deu início às investigações. Na ocasião, os suspeitos tentavam transportar 60g (sessenta gramas) de ouro em lingote.
O minério avaliado em R$18.600 (dezoito mil e seiscentos reais), não tinha nenhuma documentação comprobatória de origem lícita, o que resultou na prisão da dupla.
A partir da apreensão dos aparelhos telefônicos em posse dos flagranteados, foram constatados indícios de extensa rede de exploração ilegal de garimpo na região de Japurá (localizado a 780 quilômetros de Manaus).
Após uma audiência de custódia em Curitiba (PR), um dos presos foi assassinado em frente a uma loja de revenda de carros de sua propriedade.
Com a instauração de inquérito policial para apurar os fatos, foi constatado que o responsável pela exploração ilegal de garimpo é um empresário que utiliza a esposa e uma empresa para facilitar transações ilegais de ouro. Eles também utilizam várias empresas de metais para realizar a atividade de “esquentamento” do minério (lavagem de ativos).
Envolvimento de militares
As investigações apontam, também, o envolvimento de militares de alta patente, que recebiam valores regulares por meio da empresa de importação e exportação de minérios. Um militar, que não teve o nome divulgado, supostamente repassaria informações privilegiadas e interferiria nas operações de combate aos garimpos ilegais, enquanto sua esposa receberia valores em nome dos investigados.
Ainda conforme as apurações, os envolvidos exploram a dificuldade de fiscalização ambiental na região de Japurá, a fim de cometer crimes contra o meio ambiente. Isso inclui a Estação Ecológica Juami-Japurá, que tem sido alvo de devastação, afetando o ecossistema amazônico.
As investigações apuram, ainda, que pessoas físicas e jurídicas interpostas eram usadas para realizar lavagem de ativos no mercado ilegal de ouro. Além disso, um dos investigados atua como operador financeiro dos crimes cometidos por uma liderança da organização.
Até o fechamento da matéria, não foi encontrada autorização de lavra garimpeira ativa no local de extração de ouro, conforme verificado por meio de consultas à Agência Nacional de Mineração (ANM), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e análise telemática dos envolvidos.
*com informações da assessoria