A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Palmeiras (SP) estão em conflito desde o último domingo (2), quando o time paulista empatou com o Athlético (PR) por 2 a 2. A confederação acusou o clube de xenofobia e o Palmeiras respondeu, caracterizando o pronunciamento como agressivo.
Após a partida da 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, o auxiliar técnico do Palmeiras, João Martins, disse que não é o melhor time que vence o Brasileirão, em entrevista coletiva. Ele protestava contra supostos erros de arbitragem e atribuía a má fase do clube a este fator, visto que o empate do clube paranaense veio depois da expulsão de um jogador do Verdão.
“Entendemos que o futebol brasileiro passa uma imagem do futebol mais competitivo do mundo porque ganham vários. Mas ganham vários porque muitas vezes não deixam os melhores ganhar. Mais uma vez o que aconteceu hoje… entendemos que é ruim para o sitema o Palmeiras ganhar dois anos seguidos”, declarou o auxiliar.
João Martins disse que ainda que a presença dele na coletiva, em detrimento a do treinador Abel Ferreira, era “pelo bem da comissão técnica” e afirmou que o Palmeiras vai “continuar a dizer as verdades”.
“Podem expulsar. Qualquer pessoas que estivesse no nosso lugar se sentiria revoltado. É revoltante, mas temos uma vontade muito grande de ganhar e sermos os melhores. Contra esse sistema é muito difícil, mas vamos continuar dando o nosso melhor”, concluiu o português.
Pronunciamento da CBF
Na manhã desta segunda-feira (3), a CBF prontamente respondeu as críticas feitas na coletiva de imprensa. Para a confederação, o pronunciamento foi “um desfile de grosserias e uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir a relevância do futebol brasileiro na Europa”.
“O ato lamentável foi muito além das reclamações semanais da arbitragem. […] O comportamento do jogador brasileiro, que o funcionário em questão tanto critica, não corresponde à realidade, na medida em que o Brasil é o país do mundo que mais tem jogadores atuando no exterior, inclusive na própria seleção portuguesa”, declarou a CBF, em nota.
O órgão máximo do futebol brasileiro disse ainda que nunca esteve tão transparente sobre a questão da arbitragem e nunca investiu tanto no aprimoramento da classe. Ao final do pronunciamento, garantiu estar em contato com o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) “para que ele revele qual seria o esquema ou o sistema no futebol brasileiro que não permite que o melhor vença”.
“Equívocos de arbitragem, de jogadores, técnicos, acontecem em todos os lugares, inclusive e, principalmente, na Europa. São parte do processo, do mecanismo do futebol, que não é feito por máquinas. Portanto, nada justifica o que se viu ontem e que foi amplamente divulgado pela imprensa em todo o mundo”, disse.
Resposta do Palmeiras
O Palmeiras, por sua vez, respondeu a nota oficial da CBF. O clube questionou o “endereço” da nota, sob o argumento de que outros times se pronunciaram sobre arbitragem, além do entendimento de xenofobia, do investimento na arbitragem e da falta de um pedido de desculpas por erros.
O Verdão ainda caracterizou o posicionamento da entidade como agressivo. “Não queremos ser beneficiados, mas exigimos que as regras sejam aplicadas com isonomia”, disse.
“A Sociedade Esportiva Palmeiras, ao longo dos anos, sempre se preocupou em construir uma relação de saudável parceria com a CBF. […] Contudo, diante da nota divulgada e dos reiterados erros graves cometidos contra o Palmeiras, entendemos ser este o momento oportuno de demonstrar, em público, a nossa indignação. […] Confiamos na independência do STJD e temos convicção de que o órgão dará ao auxiliar João Martins o tratamento equilibrado que lhe compete”, completou o clube, em nota.