O resultado do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE de 2022 demonstrou que o município de Manaus cresceu 14,51% e tem agora mais 2 milhões de habitantes; é o mais populoso da região Norte; é o sétimo município, entre as capitais, com o maior número populacional no país. Com esse crescimento de moradores, bem acima da média nacional, que foi de 6,5%, os serviços públicos são impactados e trazem outros enormes desafios para o presente e o futuro, o que requer patamares sociais, ambientais e políticos ainda não alcançados, como uma governança de qualidade e uma sociedade cidadã.
Manaus não tem um transporte coletivo decente. Ônibus velhos sem qualquer conforto e segurança. Já prometeram metrô de superfície, monotrilho, sistema expresso e o Bus Rapid Transit (BRT). Milhões de reais foram gastos com promessas e estudos, mas quase nada aconteceu. Atualmente, a tarifa é subsidiada. Desde o início do subsídio, já aconteceu a transferência de 1 bilhão de reais de dinheiro público para as empresas de ônibus. Diante disso tudo, há sempre uma pergunta: qual o sistema de transporte coletivo decente para o presente e para o futuro de Manaus?
A capinação, a coleta e a destinação do lixo são precárias e custam, anualmente, milhões de recursos do erário. Não existe política pública eficiente para diminuir a quantidade de lixo produzido. Há denúncias de corrupção e investigações do Ministério Público e da Polícia Federal nessa área da administração pública. E, ainda, o atual aterro sanitário do município está no limite. Então, qual será a política pública eficiente para os resíduos sólidos para o presente e o futuro? A mobilidade urbana é um caos. Calçadas ocupadas ou lugares sem calçadas, pedestres desrespeitados, trânsito desorganizado, o número de carros e motos só crescem. O município tem poucas avenidas e um transporte coletivo indecente, o que amplia o uso de automóveis particulares. Então, quando será possível uma cidade com mobilidade urbana respeitável e que traga qualidade de vida para todos?
Crescimento desordenado, favelização, ocupação em área de risco, o aumento da pobreza e a destruição do meio ambiente, são fenômenos que definem o perfil e caracterizam a área urbana do município. São normais os alagamentos de casas e de bairros no período das chuvas ou nas enchentes dos rios. Há um déficit habitacional. Nas zonas próximas ao Centro Histórico da cidade existem imóveis sem utilidades há décadas. Há uso ilegal de área pública realizada por pessoas e até por empresas. É preciso um programa efetivo de ocupação decente de área urbana. Será que isso é possível?
Vagas em creches são ocupadas por sorteios. O letramento, nas fases iniciais do ensino fundamental, enfrenta problemas de aprendizagem. Não há vagas para demanda no sistema público na educação infantil. Os indicadores educacionais continuam muito aquém dos recursos destinados e a educação integral é uma realidade para poucos discentes. Por isso, fica uma interrogação: quando o município de Manaus será exemplo positivo na área de educação? Os problemas na saúde básica e do meio ambiente também dão indicações de que é preciso melhorar significativamente os serviços ofertados pelo Poder Público; e onde ruas, calçadas, postes e igarapés são vítimas de agressões poluentes de moradores. Até quando?
Não é possível pensar num município sem governantes e sem governados. O município de Manaus é o reflexo das escolhas dos eleitores e das decisões dos governantes. Os números do IBGE mostram o município com uma população crescente. O que será de hoje e do futuro de Manaus vai depender de todos. Cabe ao eleitorado melhorar o voto e ser mais ativo na cobrança e na fiscalização dos atos dos governantes. Compete aos gestores públicos, agir em prol da sociedade com a criação de programas e a implementação de ações que façam de Manaus, a capital do Norte, um lugar bem melhor pra viver hoje e no futuro.