Ator e produtor cultural de longa carreira, Marcos Apolo Muniz está à frente da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) desde 2019. Uma secretaria e área que conhece muito bem, tendo atuado nos bastidores desta ainda nos anos 1990.
Na entrevista, Marcos Apolo fala de sua trajetória junto à cultura amazonense e também de sua caminhada política, onde se mantém firme na gestão de Wilson Lima, uma posição que segundo ele “é fruto do trabalho e alinhamento”, com o governador.
Vanguarda do Norte – O senhor está desde o início do governo de Wilson Lima como governador e se mantém mesmo havendo mudanças nas pastas. Você tem a confiança do governador?
Marcos Apolo Muniz – Difícil responder, pois não dá para imaginar qual o sentimento e motivação do governador Wilson Lima. Mas acredito que sim, pois isso é fruto do trabalho e do alinhamento que tenho com ele. Todo o planejamento da Secretaria é alinhado com o que o Governador acredita ser o melhor para a Cultura e a Indústria Criativa do Estado.
VDN – Nas eleições do ano passado o senhor teve um papel fundamental em Parintins, inclusive se afastou do cargo para a campanha de reeleição do governador conquistando votos na cidade. Como foi esse processo mais político na ocasião?
M.A.M– Foi a minha primeira experiência. Antes, meu papel no pleito eleitoral sempre foi montar e preparar os eventos, ou shows, etc. Em Parintins, não foi fácil. Separar o papel de secretário, artística e produtor, do articulador político foi um desafio. Principalmente em uma cidade que respira arte e cultura e que todos te conhecem por isso.
Foi diferente, mas pude aprender muito com a experiência, principalmente se tratando de um primeiro pleito. Acredito que pude aplicar muito do meu conhecimento como articulador cultural, da minha vivência como empresário.
VDN – O festival de Parintins tem sido um sucesso durante os cinco durante os anos da gestão de Wilson Lima. Inclusive vocês enfrentaram algo nunca vivenciado por nenhum governador: A pandemia de covid-19. Conte mais sobre esse desafio com um evento focado em live durante dois anos.
M.A.M— O maior desafio da pandemia era manter o setor cultural vivo, literalmente! E em Parintins, não poderia ser diferente. Os bumbás não só mantém seus artistas e trabalhadores da cultura, mas todo o município como um todo, que vive (culturalmente e economicamente) do Festival Folclórico.
Mas naquele momento, com todas as iniciativas já direcionadas para a população, nos sentamos com o governador e com os patrocinadores para definir as ações para os bumbás.
Uma série de lives e eventos foram organizados. Doação de alimentos também foram realizadas. Com o Cadastro Estadual da Cultura pudemos auxiliar os artistas com o “Auxílio da Cultura”, do Governo do Estado. E as duas Lives, 2020 e 2021, que puderam segurar financeiramente nos dois anos de Festivais.
Mas vale ressaltar, que além do Boi, aproximadamente 30 mil artistas tiveram seus trabalhos paralisados. E o Estado teve que trabalhar para todos, visando sempre os mais vulneráveis. Foi um momento difícil para todos os gestores e espero que nenhum outro gestor passe por isso.
VDN – Este ano Bi Garcia esteve acompanhando o governador durante o festival. O prefeito de Parintins já havia em outras oportunidades mostrado uma proximidade maior com o senador Eduardo Braga. Essa proximidade dos dois estes ano tem haver com o trabalho da Secretaria de Cultura e Economia Criativa?
M.A.M— Costumo dizer, e o governador corrobora com isso, que nesses momentos o nosso partido é a cultura. Então tudo que vai beneficiar a população, os artistas e os fazedores de cultura, deve vir em primeiro lugar. Tanto o prefeito, quanto o governador entendem que o Festival Folclórico é maior que alinhamentos políticos e tem sido dessa forma quando o assunto é o Festival de Parintins.
VDN – Passando por todos esses percursos, o senhor vê o seu caminho pra política? Ou prefere seguir sendo secretário?
M.A.M–– Sendo secretário. Há muito o que desenvolver e trabalhar para a melhoria da gestão pública nessa área, quanto para o crescimento do próprio setor, que amadureceu significativamente nos últimos quatro anos.
VDN – O senhor era um homem de confiança do ex secretário Robério Braga. Você costuma ouvi-lo em momentos na sua gestão com a experiência dele? Como está a relação com ele?
M.A.M— Sim, costumo consultá-lo. Sempre tive uma ótima relação com o ex-secretário Robério. Assim como tenho um respeito, também, pelo ex-secretário Denilson Novo. Faz parte de uma boa gestão manter essas relações.
Mas como Robério passou um bom tempo à frente da cultura é até natural consultá-lo sobre muitos processos, principalmente, em questões técnicas e históricas. Mas pude realizar algumas consultas, também, no campo político, e enquanto estiver como secretário pretendo continuar fazendo, quando for necessário.
VDN – Quais os próximos desafios da Cultura e Economia Criativa para o Amazonas nos próximos anos? A secretaria está focado agora em algum trabalho específico?
M.A.M– – Cumprir o plano de governo do governador Wilson Lima para a cultura. Hoje esse documento tem metas importantes e significativas para o desenvolvimento cultural do Estado. Também vamos entregar o Sistema Estadual de Cultura em pleno funcionamento, com Fundo, Plano e Conselho de cultura operando em sua totalidade e alinhado com a classe artística.
Outro desafio desta gestão é concluir a Lei Estadual de Incentivo à Cultura, hoje em tramitação na Sefaz, e que aguardava a votação da Reforma Tributária para últimos alinhamentos.
Por fim, deixar estruturado um calendário de eventos culturais e artísticos do Estado, uma política de editais de fomento consolidada e um plano de desenvolvimento econômico alinhado. Esses são alguns dos nossos desafios macros.
Atualmente, além da programação de atividades já desenvolvidas pela Secretaria, como o Festival Folclórico do Amazonas, o Amazonas Green Jazz Festival, o Governo vem trabalhando na operacionalização da Lei Paulo Gustavo, com um recurso histórico sendo repassado pelo Governo Federal aos Estados e Municípios. Em agosto devemos lançar os editais organizados junto com os artistas, para contemplar projetos culturais.
Edição: Artur Mamede