Nesta quarta-feira (13) comemora-se o Dia Nacional da Cachaça, bebida destilada originalmente brasileira. A data foi criada em 2009 pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), que indica aumento de 52,8% no valor da exportação em 2022, quando comparado ao ano anterior.
No Brasil, a produção de cachaça é regulamentada por lei. O decreto publicado em 2003 determina que a bebida seja produzida com graduação alcoólica de 38 a 48% em volume, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar.
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) afirmam que ela foi inventada em meados do século XVI pelos negros escravizados nas fazendas de cana e nos engenhos de açúcar. Durante muito tempo, foi considerada uma bebida de baixo status, consumida apenas por escravos e pela população pobre.
No século XVII, a corte em Portugal proibiu a produção e a venda do destilado brasileiro — o que levou a uma revolta dos produtores contra a coroa portuguesa. No dia 13 de setembro de 1661, a rainha Luísa de Gusmão liberou a produção e a comercialização da bebida no Brasil. Por isso, atualmente a data é celebrada como em homenagem à bebida tipicamente tupiniquim.
Terceiro destilado mais consumido no mundo
A cachaça é o terceiro destilado mais consumido no mundo e movimenta R$ 15,5 bilhões anualmente no Brasil. Este valor poderia ser ainda maior se o país explorasse toda a capacidade produtiva da bebida.
Segundo o Ibrac, o Brasil tem capacidade para atingir um volume de produção de 1,2 bilhão de litros por ano. Atualmente, são cerca 800 milhões de litros. No último anuário da cachaça divulgado pelo Mapa em 2021, 936 produtores formalizados eram responsáveis por 4.969 rótulos.
Segundo a publicação, a região Sudeste domina a produção de cachaça, com 620 cachaçarias que representam 66,2% do total no país. Em seguida, o Sul aparece com 138, o Nordeste com 130, o Centro-Oeste com 39 e o Norte, com nove estabelecimentos.
O valor exportado em 2022 foi de US$ 20,08 milhões, segundo dados do ComexStat, do Ministério da Economia, que foram compilados pelo Ibrac e representam um aumento de 52,8% em relação a 2021.
Em volume, o aumento foi de 29,03%, totalizando mais de 9,3 milhões de litros. Em 2022, a bebida foi exportada para mais de 75 países, sendo que os principais países de destino, ao considerar os valores, foram Estados Unidos, Alemanha, Portugal, França e Itália.
O ano passado proporcionou também um aumento significativo na participação de alguns desses países, que até então não estavam entre os principais importadores. Portugal mais que dobrou nos valores de cachaça importada do Brasil e a Itália teve um aumento de 180%.
Para legitimar o nicho internacional de mercado, em dezembro de 2022, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estabeleceu o Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) da aguardente de cana e da cachaça comercializada em todo o território nacional.
Identidade e qualidade nacional
O novo padrão de identidade e qualidade da aguardente e da cachaça entrou em vigor em 1º de fevereiro de 2023. Os produtores terão prazo de até dois anos para fazerem as adequações dos produtos e dos estabelecimentos.
Segundo o Mapa, as normas buscam harmonizar a produção e o consumo das bebidas destiladas de cana típicas do Brasil. O padrão foi elaborado a partir de critérios técnicos com Análise de Impacto Regulatório (AIR), considerando as contribuições recebidas por consumidores, produtores e críticos.
Uma das novidades do PIQ é a definição da Cachaça de Alambique. De acordo com a regra, essa cachaça deve ser produzida exclusivamente em alambique de cobre e obtida a partir da destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar crua.
Produção e consumo
A produção da cachaça começa com a fermentação do caldo de cana, onde as leveduras convertem o açúcar em álcool. Em seguida, ocorre a destilação, que distingue as cachaças de alambique das cachaças industriais. O álcool evaporado é condensado. Os primeiros 10% do volume total contêm substâncias prejudiciais ao organismo, conhecidas como “cabeça da cachaça”.
Nas cachaças de alambique, esses 10% são descartados, assim como os últimos 10% chamados de “cauda”, que têm baixo teor alcoólico. Portanto, resta o “coração da cachaça”, representando 80%, que é a parte de qualidade da bebida. Depois de ser transformado novamente em líquido, o coração pode ser engarrafado, armazenado ou passar pelo processo de envelhecimento, que dura pelo menos um ano.