O número de mortos devido às inundações devastadoras na cidade costeira de Derna, no leste da Líbia, aumentou para pelo menos 11.300, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado no sábado (16), embora se espere que os esforços contínuos de busca encontrem mais vítimas.
Outras 170 pessoas morreram fora de Derna devido às inundações, disse o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
E só em Derna, pelo menos 10.100 pessoas continuam desaparecidas.
“Espera-se que esses números aumentem à medida que as equipes de busca e resgate trabalham incansavelmente para encontrar sobreviventes”, acrescentou.
Mais de 40 mil pessoas foram deslocadas no nordeste da Líbia desde as chuvas extremas provocadas pela tempestade Daniel, afirma a ONU.
Especialistas dizem que o impacto da tempestade foi grandemente exacerbado por uma confluência letal de fatores, incluindo infraestruturas em ruínas, avisos inadequados e os efeitos da aceleração da crise climática.
Derna, o epicentro do desastre, foi dividida em duas depois que as enchentes varreram bairros inteiros.
A cidade tinha uma população de cerca de 100 mil habitantes antes da tragédia. Pelo menos 30 mil pessoas foram deslocadas só em Derna, disse a ONU.
“Com milhares de pessoas deslocadas agora em movimento, o risco de exposição a minas terrestres e material bélico explosivo de guerra (ERW) que sobra de anos de conflito está aumentando, uma vez que as águas das cheias deslocaram agora as minas terrestres e os ERW”, afirmou a OCHA.
Quase 300 mil crianças que foram expostas às inundações devido à tempestade Daniel enfrentam um risco aumentado de cólera, desnutrição, diarreia e desidratação. As crianças também enfrentam “riscos acrescidos de violência e exploração”, acrescenta o relatório.
Corpos em decomposição no mar
As equipes de resgate estão passando por edifícios desabados e vasculhando o mar para recuperar cadáveres, enquanto a esperança de sobreviventes continua diminuindo.
A maioria dos cadáveres está na água, disseram missões internacionais de resgate, pedindo mais equipamento e ajuda para recuperar os cadáveres do Mediterrâneo.
“Os corpos estão em estágio avançado de decomposição e a certa altura poderá não ser possível recuperá-los”, disse um representante da missão tunisina numa reunião com homólogos da Rússia, países árabes, Turquia e Itália.
“Precisamos de assistência para que a nossa intervenção seja mais eficiente”, acrescentou o representante.
Outros representantes da missão do Egito e dos Emirados Árabes Unidos descreveram a descoberta de corpos em baías e enseadas do Mediterrâneo, muitos deles em áreas acessíveis apenas por barco.
Um representante da missão argelina disse que as equipes avistaram cerca de 50 corpos em um penhasco a cerca de sete milhas náuticas do porto de Derna, mas acrescentou que a área só era acessível por mergulhadores e barcos.
*Com informações CNN