A diversidade de fauna e da flora da Floresta Amazônica, bem como da culinária regional, são os responsáveis por atrair milhões de turistas para o Amazonas e impulsionar a economia local. Neste Dia do Turismo (27), vale ressaltar que alguns municípios do interior, inclusive, vivem apenas deste segmento como fonte de renda, seja ele esportivo, cultural, ecológico, cívico, gastronômico, étnico, cinematográfico ou religioso.
O turismo contribuiu com mais de R$420 milhões para a economia do Amazonas no primeiro semestre deste ano, conforme anunciado pelo Governo do Estado. Houve um aumento de 8,38% no número de turistas em comparação com o mesmo período de 2022. Além disso, o faturamento no setor turístico cresceu 24,6% e um total de 174 mil visitantes exploraram as potencialidades do turismo no Amazonas durante esse período.
O estado foi citado pela Forbes Advisor, inclusive, como o melhor lugar do mundo para o ecoturismo. A informação consta no Índice de Ecoturismo da plataforma independente, uma das mais conceituadas publicações de economia e negócios do mundo. O ranking cita três reservas ambientais e um parque nacional, ao avaliar os países com base na biodiversidade, quantidade de atrativos naturais, parques reconhecidos pela Unesco e na sustentabilidade.
A lista da Forbes Advisor confere uma nota de 94,9 ao Complexo de Conservação da Amazônia Central, à frente de países como México (86) e Austrália (84), respectivamente, o segundo e o terceiro colocados na seleção. O Complexo é formado pelo Parque Nacional do Jaú, as reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, além do Parque Nacional de Anavilhanas.
Contribuição econômica
A ampla divulgação e o esforço em sedimentar a região como um dos principais polos turísticos do Brasil têm como consequências a grande contribuição econômica. Em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), por exemplo, o turismo movimentou R$146,6 milhões na economia, durante o 56º Festival Folclórico, alcançando um novo recorde em 2023. Segundo a Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), a receita direta dos turistas aumentou 30,1%, neste ano, em comparação com a edição anterior.
“O governador Wilson Lima enxerga a importância do setor e nos dá o apoio necessário para movimentar o segmento com importantes projetos de fomento ao turismo. Prova disso são os 174.792 turistas que desembarcaram no estado e geraram uma renda de R$ 424 milhões, um aumento de 24,6%”, pontua Ian Ribeiro, presidente da estatal.
O evento, um dos maiores festivais folclóricos a céu aberto do mundo, registrou a presença de 110 mil pessoas na ilha Tupinambarana de 30 de junho a 2 de julho. O Amazonas está desenvolvendo projetos para impulsionar o desenvolvimento turístico na Região Metropolitana de Manaus e em áreas remotas. Isso faz parte do projeto Turismo em Movimento do Governo do Amazonas, que visa estimular a economia.
Outro evento tradicional, a temporada de pesca esportiva, começou as mobilizações já neste mês de setembro, com a expectativa de atrair ao menos 30 mil pessoas. O esporte movimenta aproximadamente R$ 500 milhões em receita direta e indireta, segundo dados da Amazonastur. De acordo com o diretor da Agência de Turismo Ecológico Rio Negro Lodge, Lauro Rocha, a temporada de pesca tem uma valiosa importância social, econômica e cultural.
“Essa temporada de pesca tem uma importância social, econômica e cultural significativa para grande parte da população, especialmente para aqueles que residem nas cidades próximas às áreas de pesca, assim ajudando na economia local. Além disso, ela contribui para a conscientização sobre a preservação das espécies”, afirma.
Interiorização do desenvolvimento turístico
O Amazonas trabalha na elaboração de projetos com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento dos municípios com potencial turístico, na Região Metropolitana de Manaus e nas cidades mais longíquas, com participação no projeto Turismo em Movimento, uma ação do Governo do Amazonas que estimula a economia.
Os projetos, com expectativa de integração ao Plano Nacional de Desenvolvimento do Turismo, incluem iniciativas como a modernização dos aeródromos de Maués (a 276 quilômetros da capital), Apuí (a 453 quilômetros), São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros), Borba (a 151 quilômetros) e Novo Aripuanã (a 227 quilômetros), além da construção do Centro de Eventos de Novo Airão (a 115 quilômetros) e a revitalização do Parque Urubuí, em Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros).
Uma das principais propostas é criar o “Peixódromo” em Novo Airão, uma cidade conhecida por sua beleza natural e o Ecofestival do Peixe-Boi, que inclui teatro, dança e música. O objetivo é estabelecer um Centro de Convenções para atrair turistas e sediar outros eventos de grande porte.
O projeto de modernização dos aeródromos de Maués, Apuí, São Gabriel da Cachoeira, Borba e Novo Aripuanã, pleiteado junto ao Governo Federal, busca melhorar a acessibilidade e a conectividade nos municípios do interior. Uma ideia discutida é a interlocução com as prefeituras, para possibilitar que a Infraero assuma a gestão e invista nesses espaços.
Segundo o presidente da Amazonastur, Ian Ribeiro, o que pode auxiliar no desenvolvimento interiorano é a redução fiscal. As empresas aéreas que trabalham com transporte de passageiros e cargas, incluindo as empresas de fretamento de táxi aéreo, são contempladas com reduções que variam de 3% a 7% na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), sobre os combustíveis de aviação.
“Os novos investimentos das companhias aéreas no Amazonas contam com os incentivos fiscais concedidos pelo Estado, por meio da Lei nº 6.271/23, que entrou em vigor em julho deste ano”, explica.
Segundo o Governo do Amazonas, no município de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus), há investimentos na casa de R$ 30 milhões em infraestrutura. Esse valor representa mais de 780 empregos diretos e indiretos, distribuídos entre cinco obras, sendo duas em andamento e três concluídas.
Estão em andamento a construção do Complexo de Esporte e Lazer do bairro Areal, com investimento de R$ 2,6 milhões. A obra, que já alcançou 55% de execução, visa proporcionar um espaço adequado para a prática de atividades físicas, culturais, educacionais.
A obra de recuperação e pavimentação do sistema viário, também em andamento, contempla 11,71 quilômetros de vias, o equivalente a 54 ruas distribuídas em dez bairros da sede do município. A obra tem avanço de 39% e o investimento é de R$ 13,5 milhões.
Conectividade
O turismo do estado promove principalmente incursões para dentro da floresta. De acordo com o Governo, mais de 90% da Floresta Amazônica está preservada no Amazonas e diversos roteiros turísticos garantem experiências memoráveis. Estes fatores, portanto, incentivam a interiorização da matriz econômica turística e dependem de uma interconectividade para atuar de maneira homogênea.
Uma das propostas de interconectividade e divulgação dos atrativos turísticos é a plataforma Amazonas To Go. A iniciativa do Governo do Amazonas, por meio da Amazonastur, auxilia turistas com informações importantes a quem visita as diferentes possibilidades espalhadas pelo estado.
Mais recentemente, Humaitá (590 quilômetros de Manaus) tornou-se a décima cidade a contar com a plataforma. Com o lançamento, os visitantes têm acesso a um guia digital, que fornece informações para aproveitar ao máximo os atrativos turísticos e as opções de deslocamento, contatos de guias de turismo, restaurantes e pousadas.
De acordo com o presidente da Amazonastur, o objetivo das ações é fortalecer o turismo no interior do estado. “É o que o governador Wilson Lima quer que seja feito: tornar o turismo uma das matrizes econômicas do nosso estado. E, em conjunto, realizar a interiorização do turismo”, afirma.
Ribeiro destaca, ainda, a ligação entre Humaitá e Porto Velho (RO). Para o presidente da empresa estatal, a conexão facilita o acesso de turistas, que agora podem contar com a ferramenta que estimula o turismo para além da capital e da região metropolitana. “Para que as pessoas possam conhecer outros municípios do nosso estado, que é gigantesco”, completa.
O Amazonas to go é projetado para atender à diversidade linguística dos turistas, oferecendo suporte nos idiomas portugues, inglês e espanhol. A facilidade de uso é garantida por meio de QR Codes espalhados pela cidade. Além disso, os turistas podem acessar as informações por meio deste link ou pelo contato +55 92 99356-8775.
Turismo inclusivo
Para celebrar o “Setembro Verde” no estado, algumas iniciativas valorizam e promovem a acessibilidade, incluindo o turismo inclusivo cultural, passando pelo lazer ao ar livre e a gastronomia. Para Ian Ribeiro, faz parte do compromisso do órgão sensibilizar agentes privados e públicos para a necessidade de um turismo inclusivo.
“O Governo do Amazonas concluiu, recentemente, a instalação de equipamentos e a realização de obras de adequação de acessibilidade nos principais espaços de turismo cultural do estado. Um investimento no valor de R$ 1,13 milhão que contemplou o Museu Casa Eduardo Ribeiro, o Centro Cultural Usina Chaminé, o Palácio da Justiça, o Palacete Provincial, o Palácio Rio Negro e o nosso maior cartão-postal do estado, o Teatro Amazonas”, explica Ribeiro.
De acordo com o presidente do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência (Conede), Wilkens de Figueiredo, o turismo acessível é viável e uma realidade cada vez mais presente na região. “O Amazonas é um universo que olha para a sustentabilidade, para a relação humana e a natureza. O Amazonas é acessível por natureza, temos as portas abertas para o turismo acessível. Ele existe e é possível”, pontua o presidente do Conede.
Algumas das opções são o Sítio Mundo Azul, que promove uma experiência sensorial que estimula a aprendizagem e o desenvolvimento por meio do contato com a natureza, especialmente para pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O local fica no ramal Nova Esperança, no quilômetro 62 da rodovia AM-070.
O próprio Teatro Amazonas, símbolo cultural e arquitetônico do estado, dispõe de acessibilidade para deficientes físicos, visuais e auditivos. A localização é na avenida Eduardo Ribeiro, 659, no Centro. Também há a Fazenda Santa Rosa, que conta com um espaço adaptado para a movimentação de pessoas com deficiência física. O local contribui com a interação com a natureza e ainda oferece uma apresentação lúdica sobre lendas amazônicas. A fazenda fica no quilômetro cinco da Estrada do Caldeirão, na Rodovia AM-070, em Iranduba.