Em alusão ao Dia do Jornaleiro, celebrado nacionalmente no dia 30 de setembro, a equipe de reportagem do Vanguarda do Norte entrevistou esses profissionais que desempenham a missão de levar a informação até as mãos da população, todos os dias. Esta profissão — marcada pelo trabalho duro, mas que encontra sua recompensa e reconhecida importância — permite que todos tenham acesso às notícias diárias por meio dos impressos.
Antônio da Costa, de 61 anos, que trabalha como jornaleiro há 45 anos, possui uma banca de jornal na Praça Chile, que fica localizada na avenida Major Gabriel, bairro Centro, zona sul da capital amazonense. Ao VDN, ele conta que tudo o que conquistou na vida foi trabalhando como jornaleiro.
“Estou nessa profissão há 45 anos, e tudo o que conquistei na vida foi por meio dela. Me sinto bem em servir os clientes, levando informação por meio dos impressos”, diz Antônio.
Atuando na profissão há 30 anos, em uma banca localizada na avenida Boulervard Álvaro Maia, zona sul, Dona Mires dos Santos Alves, 77, relata o quão satisfatório é trabalhar como jornaleira e classifica a profissão como um ‘bom papel’ desempenhado por ela. “Entregar leitura às pessoas, em papel, é extremamente gratificante”, afirma.
De jornaleira à jornalista. É assim que se autodenomina Lara Tavares, de 30 anos. À equipe de reportagem, ela frisa que a paixão pelo jornalismo surgiu na época em que ela trabalhou vendendo jornais nas ruas de Manaus.
“O amor pela minha profissão [jornalismo] foi crescendo a cada dia e a cada matéria que eu lia. Sempre que eu tinha um tempinho, adorava folhear cada página do jornal e suspirava por cada matéria, daí, dizia para mim mesma: “um dia vai ser uma matéria minha aqui”, mas não imaginava que hoje seria jornalista”, relata a jornalista.
“Com alguns dias nas vendas, eu já era considerada uma das melhores vendedoras. Peguei muito sol na cara e enfrentei muitas dificuldades, e até mesmo preconceito. Foi necessário que eu passasse por cada fase para, hoje, dar valor à minha profissão”, pontua Lara.
No decorrer da entrevista, Lara afirma que voltaria no tempo e faria tudo novamente. E que não se envergonha da época em que vendia jornal. “Ser jornaleira mudou a minha vida, pois uma coisa é certa: a mente cria e a fé realiza. Se tivesse que voltar no tempo, eu faria tudo de novo, não me envergonho de nada”, conclui.
Origem da profissão no Brasil
A profissão de jornaleiro surgiu em meados do século XIX no Brasil. Em 1958, o jornal “A Actualidade” incumbiu escravos de distribuir seus impressos avulsos. Posteriormente, com a abolição da escravatura em 1988 e a chegada de imigrantes italianos no início do século XX, o perfil do vendedor de jornal mudou definitivamente.
No início, os gazeteiros — assim chamados esses imigrantes que se encarregavam dessa comercialização — andavam pelas ruas informando as manchetes do dia à procura de possíveis clientes. A primeira banca de venda fixa teria surgido no Rio de Janeiro, criada pelo italiano Carmine Labanca.
Com o passar das décadas, as bancas de jornais foram se modernizando. O jornaleiro passou a vender não somente jornais, mas também revistas, gibis e livros. Sua banca já não era mais só um ponto de vendas, mas também um espaço cultural e de compartilhamento de ideias e opiniões.
Ainda que o avanço tecnológico tenha modificado a forma pela qual consumimos a informação no século XXI, os jornaleiros resistem, adaptando-se ao novo mercado, sem deixar de lado o modelo de negócio que conquistou muitos consumidores pelo país.