O café é a bebida mais popular do Brasil e a segunda mais consumida no mundo, ficando atrás apenas da água. Seja o expresso, mocha, cappuccino, com leite ou o clássico café preto, os amantes do “cafezinho” têm mais um motivo para tomar uma xícara deste domingo, dia 1º de outubro. O Dia Internacional do Café é uma celebração global por conta da existência de muitos apaixonados por café espalhados pelo mundo.
A data foi escolhida em 2015 pela Organização Internacional do Café (OIC), com o objetivo de unificar as celebrações ao redor do mundo.
O Dia do Café foi criado para celebrar o grão, que também é conhecido como ouro preto, e toda a história por trás dele. É a data para declarar a paixão por essa bebida, que aquece o coração de dentro para fora e dá aquela energizada para que possamos aguentar mais um dia.
Além da variedade de cafés, a bebida também incentiva a criação de ‘negócios na rua’, que além de garantir o sustento de famílias, aquecem a economia local e tornam realidade o sonho de empreendedores, como é o caso do jovem barista Jonadabe da Silva Cunha, mais conhecido como ‘Jonas’. Com apenas uma ideia em mente e uma bicicleta no quintal, ele é o idealizador da Mini Coffee, a primeira cafeteria sobre rodas de Manaus. O empreendimento fica localizado na avenida Constantino Nery próximo a uma grande Instituição de Ensino, na Zona Centro-Sul de Manaus
O projeto surgiu em 7 de junho de 2022 com o objetivo principal de fazer a diferença na manhã das pessoas com o prazer de apreciar um bom café. Na época, Jonadabe ainda trabalhava como conferente em uma fábrica de polpas localizada na sua cidade Natal, Rio Preto da Eva (distante 80,2 quilômetros da capital amazonense).
“É desafiador, mas é muito bom e gratificante, eu sou muito feliz com isso, estou muito feliz com o que conquistei até aqui, mas vamos evoluir muito mais. Ser o precursor nisso me dá mais forças para continuar e fazer esse negócio dar certo. O café era para se tornar um hobby. Até então, só tinha conhecido os cafés especiais por cafeterias aqui em Manaus, mas ainda estava morando e trabalhando em Rio Preto. Na época da pandemia, consegui me deslocar poucas vezes para Manaus, e tive a ideia de montar isso como um hobby para mim. A minha ideia era comprar café de qualidade e fazer isso em casa durante a pandemia”, disse.
De acordo com Jonas, assim como o pai, já queria empreender há um bom tempo para não ter que depender mais da Carteira de Trabalho. Logo, o que começou somo um hobby, se tornou a sua principal fonte de renda. Ele ressaltou ainda que toda a estrutura da mini cafeteria foi construída pelas próprias mãos após a realização de um empréstimo para custear os materiais.
O rio pretense pesquisou bastante e viu que no Brasil o modelo “Bike Coffee”, muito popular nos Estados Unidos e Canadá, era uma ideia ainda escassa nos territórios nacionais, principalmente, no Amazonas e então decidiu investir fazendo um empréstimo para comprar materiais que foram usados para a construção do carrinho e até mesmo a bicicleta.
“Nada, até então, tinha brilhado nos meus olhos. Quando tive a ideia de montar uma mini cafeteria, nasceu uma chama dentro de mim, os meus olhos brilharam e logo pensei que teria que fazer isso. A ideia era fazer uma mini cafeteria física, só que não tinha e ainda não tenho capital o suficiente para isso. Fui buscar maneiras de levar o café de forma acessível, de qualidade e cujo o custo inicial fosse baixo, dentro da minha possibilidade. Vi que fora do Brasil já tinha essa ideia de ‘bike/street coffee’ e tive a ideia de levar os cafés que as pessoas podem encontrar em cafeterias de shoppings para as ruas”, declarou.
Complementou ainda: “Quando tive a ideia, verifiquei a disponibilidade de conseguir algo já pronto aqui em Manaus ou ao redor do país. Tem algumas empresas que fazem, mas é absurdamente caro e o transporte não é viável. Logo pensei que poderia fazer, sou super revirado com essas coisas, gosto de inventar e explorar a criatividade. EM seguida fui pesquisar projetos na internet de pessoas que acampam por aí e puxam a barraca na bike, procurei sobre a mecânica e a estrutura que eles fizeram para que o peso fosse distribuído. Inclusive, tenho uma agenda até hoje com os projetos rabiscados. Somei alguns projetos que encontrei na internet, vi os detalhes de cada um e finalizei com o projeto da Mini Coffee”, frisou.
Com a sua bicicleta, Jonadabe percorre diariamente 17 quilômetros, o que considera uma das maiores dificuldades. Além disso, ele também pontua o baixo capital para concluir o projeto – visto que o carrinho atual é apenas um protótipo –e ressaltou que ainda almeja conquistar uma máquina nova, carrinho mais leve e bicicleta elétrica ou moto.
“Pretendo fazer um carro mais leve e resistente, com uma sofisticação na criação. O transporte ser mais seguro e de fácil locomoção, colocando algo elétrico que continue mantendo a sustentabilidade, como uma bike elétrica ou uma moto elétrica.
Depois expandir para ter outros carrinhos em outros pontos de Manaus e quem sabe até franquiar. Também tenho a ideia de montar as ‘Mini Coffee TO GO’. Que seria outro modelo de negócio, mas é algo bem no futuro”, disse.
Por fim, o empreendedor falou sobre como começou a sua relação com o café e a partir de qual momento enxergou que o ramo poderia se tornar uma fonte de renda.
“Tudo começou quando provei um café especial em uma cafeteria e gostei muito… fiquei bem intrigado e comecei a provar em outras cafeterias. Isso chamou muito a minha atenção. Para quem nunca provou um café diferente além do tradicional, nunca teve a experiência de ver o grão, a moagem, o processo, para quem quer ter a experiência de uma cafeteria de forma acessível e inovadora, venha conhecer a Mini Coffee. Faça parte desse projeto, daqui uns anos verão e terão o prazer de dizer que participaram do início de um grande negócio”, finalizou.
Setor cafeeiro na economia
Na economia brasileira, o café tem ocupado posição importante tanto no mercado interno quanto no externo, além de ter desempenhado uma função fundamental do desenvolvimento econômico brasileiro, contribuindo para os setores de indústria e serviço, além do próprio setor primário. A exportação do café tem garantido as divisas à economia brasileira.
O país é o maior exportador do produto no mercado mundial e ocupa a segunda posição no ranking de maiores consumidores da bebida, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). O Brasil ainda responde por um terço da produção mundial de café, o que o coloca como maior produtor mundial, posto que detém há mais de 150 anos. Em entrevista ao Vanguarda do Norte, a economista, consultora, professora universitária e conselheira federal de Economia, Denise Kassama, falou um pouco sobre a importância do café para a economia brasileira e amazonense.
“O café é uma das commodities do Brasil, que é o segundo maior produtor de café no mundo e produz em torno de 50 milhões de sacas de 60 quilos. O país também é um grande exportador, isso significa que ele traz divisas e dólares, além de uma extensa cadeia produtiva que gera emprego e renda para muitas pessoas no Brasil. Particularmente aqui no Amazonas, subiu bastante a questão da produção de café quer era na faixa de 7 mil sacas em 2018 e e2022 encerrou com uma produção recorde de 70 mil sacas, subiu cerca de 10 vezes o valor que estava antes. Ele é uma commoditie muito importante, não só na questão da produção e, derivado disso também, gera uma extensa rede de empresas de torrefação, grandes indústrias e até os espaços mais gourmetizados que torrem e moem na hora para os clientes, incluindo sabores especiais agregados. O café é muito importante por gerar emprego e renda, não só na cadeia primária, como na secundária e terciária também. Manaus, felizmente, tem muitas cafeterias que oferecem sabores variados aos gostos e paladares, contribuindo com a economia.
Origem do Café
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), muitos já aprenderam que o café veio da África, da Etiópia para ser mais específico, e que a Europa foi responsável em difundir o consumo da bebida pelo globo. Mas, o que poucos sabem é que um pastor de cabras africano – com a ajuda de um monge – foi o grande responsável em descobrir seu uso/consumo.
De acordo com a Lenda de Kaldi, registrada em manuscritos do Iêmen no ano de 575 d.C, o pastor Kaldi observou que suas cabras ficavam alegres e cheias de energia depois que mastigavam os frutos de coloração amarelo-avermelhada dos arbustos abundantes dos campos. Lenda ou não, registros históricos indicam que foi nesta época que a exploração de diferentes possibilidades de consumo do café começou a se difundir.
Os Etíopes, por exemplo, ingeriam o fruto. Alimentavam-se de sua polpa doce, macerada ou a misturavam em banha nas refeições. Suas folhas também eram mastigadas ou utilizadas no preparo de chá. Produziam também um suco fermentado que se transformava em bebida alcoólica.
Os árabes dominaram rapidamente a técnica de plantio e preparação do café. O processo de torrefação foi outro passo importante para a popularização do café no mundo, mas só foi desenvolvido no Séc. XIV quando a bebida adquiriu forma e gosto como conhecemos hoje.
O hábito de tomar café como bebida prazerosa em caráter doméstico ou em recintos coletivos se popularizou a partir de 1450. Ele era muito comum entre os filósofos que, ao tomá-lo, permaneciam acordados para a prática de exercícios espirituais. Poucos anos depois, a Turquia foi responsável em difundir o “hábito do café”, transformando-o em ritual de sociabilidade. O país foi palco do primeiro café do mundo – o Kiva Han – por volta de 1475. Desde então, tomar café passou a ser “um rito” que se propagou mundo afora. Em 1574, os cafés do Cairo e de Meca eram locais procurados, sobretudo, por artistas e poetas.