A Amazônia viveu em setembro o sexto mês consecutivo de redução de desmatamento, segundo dados do Imazon, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que atua como instituto de pesquisas. Apesar do índice positivo, as florestas devastadas nos três primeiros trimestres de 2023 chegaram a quase 1.300 campos de futebol por dia.
Com esta redução, o acumulado dos primeiros nove meses de 2023 fechou com uma área de floresta derrubada quase três vezes menor do que no mesmo período de 2022, passando de 9.069 km² para 3.516 km².
Essa foi a menor destruição entre janeiro e setembro dos últimos cinco anos, desde 2018. Há dez anos, em 2013, o acumulado de janeiro a setembro foi de 1.008 km², mais de três vezes menor do que o registrado neste ano. Seria o equivalente, por exemplo, a 370 campos de futebol por dia.
“A série histórica do desmatamento nos mostra que esta queda é expressiva, mas que ainda precisa ser maior para conseguirmos controlar a perda de floresta na Amazônia. O que é essencial para que possamos mitigar as mudanças climáticas e seus fenômenos extremos, como secas e cheias com maior frequência e intensidade. Estamos vendo o quanto a seca está afetando as populações do Amazonas agora e o quão importante é manter o ambiente e o clima equilibrados”, alerta o pesquisador do Imazon, Carlos Souza Jr.
Apenas em setembro, a Amazônia perdeu 546 km² de floresta, uma redução de 52% em relação ao mesmo mês de 2022, quando o desmatamento somou 1.126 km². Apesar da queda em relação ao ano passado, 2023 ainda teve o 5º maior desmatamento em setembro dos últimos 15 anos, desde 2008.
No entanto, três estados da Amazônia Legal apresentaram aumento em relação a 2022: Amapá, Roraima e Tocantins. O caso mais grave foi do Amapá, onde a destruição triplicou, passando de 4 km² nos nove primeiros meses do ano passado para 13 km² no mesmo período de 2023. Foram 11 km² apenas em setembro, o que colocou três áreas protegidas do estado no ranking das mais devastadas no mês.
Top-3 do desmatamento
Com 1.000 km² (29%) de floresta derrubados nos primeiros nove meses de 2023, o Pará foi o estado que mais devastou a Amazônia no período, apesar de ter tido a segunda maior redução no desmate. Nos primeiros três trimestres de 2022, foram destruídos 3.161 km², 68% a menos do que neste ano.
O segundo e o terceiro estados que mais destruíram a Amazônia entre janeiro e setembro foram Amazonas, com 836 km² (24%) e Mato Grosso, com 784 km² (22%). Assim como o Pará, ambos também apresentaram redução no desmate em relação ao mesmo período em 2022, que foi de 2.399 km² no Amazonas (65% a menos) e de 1.369 em Mato Grosso (43% inferior).
No Amazonas, a situação mais crítica é no sul, na divisa com Acre e Rondônia, região chamada de Amacro. Já em Mato Grosso, é na metade norte que está avançando a destruição florestal.
“Em ambos os casos, são regiões com forte pressão de expansão agropecuária. No caso da pecuária, que corresponde a mais de 80% do uso de áreas desmatadas na Amazônia, estudos do Imazon têm apontado que pode ser mais barato aumentar a produção reformando pastos degradados do que desmatando novas áreas, por exemplo”, avalia a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.
*Com informações da assessoria