A Operação Xapiri, da Polícia Federal com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), destruiu 26 dragas, oito barcos, quatro rebocadores e 42,5 mil litros de diesel provenientes do garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Vale do Javari, localizada nos municípios de Atalaia do Norte (a 1.137 quilômetros de Manaus) e Guajará (distante 1.487 km da capital).
O balanço destaca os resultados da operação de domingo (5) até a última quinta-feira (9) e inclui a apreensão de nove antenas Starlink e 3,2 kg de mercúrio. A investigação acontece nos rios Jandiatuba, Boia, Jutaí, Igarapé Preto e Igarapé do Mutum.
Segundo a PF, das 26 dragas, seis eram de grande porte, avaliadas em cerca de R$ 5 milhões. Estima-se que o garimpo ilegal retirava 1 kg de ouro por mês da região. Os barcos e rebocadores eram usados no apoio aos garimpeiros e os 42,5 mil litros de diesel abasteciam os motores das dragas. As antenas de internet por satélite facilitavam a comunicação dos criminosos sobre a presença da fiscalização.
O avanço do garimpo ilegal ameaça os povos do Vale do Javari, que reúne a maior concentração de grupos indígenas isolados do mundo (19). Em época de seca, os indígenas se aproximam mais dos rios em busca de água e alimento, aumentando a probabilidade de contato com criminosos.
A estiagem dificulta a locomoção de dragas por grandes distâncias, favorecendo as incursões aéreas do Ibama e da PF. Danos ambientais causados por dragas de garimpo incluem a destruição de mananciais, beiras de rios e igarapés. O material dragado é lançado nos rios, causando assoreamento.
O aumento de sedimentos no rio, por sua vez, dificulta a procriação de peixes e plantas, impactando a cadeia alimentar e as comunidades que vivem da pesca. O mercúrio usado para purificar o ouro contamina a água, causando graves danos ao meio ambiente e à saúde.
Nos últimos meses, a PF e o Ibama deflagraram duas fases da Operação Draga Zero, com o objetivo de combater a extração ouro ilegal no Amazonas. A primeira fase da operação teve início no final de agosto e perdurou por doze dias, destruindo mais de 302 balsas espalhadas nos trechos do Rio Madeira. A segunda fase foi realizada no início de outubro e mais nove dragas foram inutilizadas.
*Com informações da assessoria