“Em suma: que tudo comece por nós, pelo bem-estar dos cidadãos e cidadãs, razão, objeto e fim da gestão pública. Incluindo, aí, o cuidado de assegurar eleições limpas, candidatos qualificados e aliançados com o zelo do bem comum, do meio ambiente e com os direitos de nossa gente”
Nelson Azevedo (*) nelson.azevedo@fieam.org.br .
Na esteira do desfecho frenético da reforma tributária, que incorporou a compensação fiscal à Zona Franca de Manaus em meio às carências regionais de infraestrutura, emerge um imperativo a forjar uma visão sólida de retomada em 2024. Alguns ajustes ainda serão feitos. Por isso é de extrema importância assegurarmos um alinhamento abrangente e de longo prazo em favor da economia em benefício da cidadania. Por que não dizer um alinhamento permanente por nossa gente?
Produtividade e interlocução
Em tal empreitada, é imperativo ancorar-se em premissas robustas: a consolidação de elementos que catalisam produtividade e interlocução, o sagrado diálogo, sustentados como pilares inalienáveis. Aos trancos barrancos foi assim que chegamos até aqui. O tecido social e econômico, as peculiaridades geopolíticas, culturais, climáticas e as dimensões continentais da região clamam por um fortalecimento intrínseco, fundamentado não apenas na retórica, mas na materialização de um espírito coletivo. Este, por sua vez, deve orientar a definição do perfil de produtividade, delineando os contornos de uma diversidade fabril que não apenas resista, mas prospere.
Transparência e responsabilidade
Numa linguagem de reprodução humana, a gestação de empreendimentos requer um parto conduzido pela concepção e visão de mundo partilhadas, permeado pela consciência de que as incompreensões e maledicências que marcam a Zona Franca de Manaus não se dissipam por decreto, mas sim mediante a demonstração consistente de nossas virtudes e realizações. Os acertos, nesse contexto, surgem como faróis orientadores, apontando para o caminho de uma credibilidade que se alimenta da transparência e da responsabilidade.
Prestação de contas ao contribuinte
A clareza na prestação de contas ao contribuinte não é apenas uma formalidade burocrática, mas um compromisso moral intrínseco à construção de uma sociedade que exige, e merece, ser informada. Da mesma forma, a divulgação proativa das oportunidades que delineiam um desenvolvimento singular da Amazônia, uma tradição honrada por mais de meio século, representa não apenas um ato de comunicação, mas uma afirmação de compromisso com um futuro mais promissor. Temos a consciência feliz do dever cumprido neste desafio instigante da redução das desigualdades regionais que ainda separam Norte e Nordeste do Sul e Sudeste.
O desafio, a promessa e o horizonte
Que o espírito de confraternização, que tradicionalmente permeia os encerramentos anuais, não seja um fugaz lampejo, mas sim um combustível persistente para uma integração mais profunda com o restante do país. Esta integração não pode ser superficial; ela deve abraçar o âmago industrial, cultural, cívico, econômico, social e, sobretudo, ambiental da brasilidade. Somente assim a Amazônia se tornará não apenas um polo de desenvolvimento, mas um exemplo luminoso de sustentabilidade e coexistência harmônica entre homem e natureza. Este é o desafio, e também a promessa, que se desenha no horizonte do novo ano que se inicia.
Vazante escancarou o descaso
Em tempo, no próximo ano teremos eleições municipais. Temos todas as razões cívicas e morais para invocar o espírito solidário e coletivo desta reflexão. O estado em que se encontra a paisagem urbana é a razão primeira dessa invocação. A começar pelos Igarapés e demais afluentes do Rio Negro. A vazante escancarou o descaso tal a montoeira de lixo que aflorou com o sumiço das águas.
Que tudo comece por nós
Por que não usar a verba publicitária em campanhas educativas para que as famílias assumam o protagonismo da urbanidade em todos os sentidos? O mesmo se aplica aos investimentos com a reposição florestal municipal, ações que reduziriam as altas temperaturas que nos açoitam. Em suma: que tudo comece por nós, pelo bem-estar dos cidadãos e cidadãs, razão, objeto e fim da gestão pública. Incluindo, aí, o cuidado de assegurar eleições limpas, candidatos qualificados e aliançados com o zelo do bem comum, do meio ambiente e com os direitos de nossa gente.
(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.