Dia seis de janeiro de cada ano dá-se o encerramento das festividades natalinas. É o dia de Reis.
Dos reis magos. Esses mesmos que o evangelista Mateus (2,1) fala: “Nos dias do rei Herodes chegaram do
Oriente a Jerusalém uns magos…” Estes ficaram notabilizados pelo surgimento da estrela (já constante nas
profecias de Isaias) que os conduziria a um rei que nasceria em Belém e ao qual levaram presentes: Ouro,
incenso e mirra.
Por isso em alguns países europeus como Portugal e Espanha as crianças recebem seus presentes do
Natal de Jesus somente no dia seis quando é feriado e as ruas ficam cheias de crianças com seus pais desde
o dia cinco. Neste dia ocorre a “Cavalgada dos reis”. Nas cidades, executam-se desfiles em carros
alegóricos e num deles vão os três reis que do alto atiram guloseimas para as crianças. É uma comemoração
glamurosa e transmitida pelas televisões com início às seis da tarde e término perto da meia-noite. No dia
06, pela manhã os pequenos tem a seus pés os presentes. Assim como ao Menino da Manjedoura foi
depositado: ouro, incenso e mirra.
A simbologia do ouro seria a da Sua realeza.
A do incenso a de oferenda a Sua divindade.
A mirra (erva amarga, cuja resina era destinada ao embalsamar dos corpos) uma situação
premonitória a indicar o Seu caminho de sofrimento culminado na morte por crucifixão.
No Brasil, país com miscigenação racial e cultural faz-se em muitos estados a chamada “FOLIA
DE REIS”. Um grupo com músicas sacras todos vestidos a caráter levam o MENINO de casa em casa para
abençoá-la. Essa “FOLIA” é de origem lusitana e sofre influência afro que induzem algo das crenças, no
chamado sincretismo religioso. Na gastronomia, o tradicional “bolo de Reis” possui o crédito dos
portugueses que enxergavam o doce como presente de Reis às crianças. Tudo isso em homenagem ao
Menino que mudou o calendário para A.C (Antes de Cristo) e D.C (Depois de Cristo) porque sobre a
manjedoura uma estrela brilhou e pousou… Mas eram dias do rei Herodes, a cronologia que aponta o
evangelista. E Herodes queria matá-lo. Foi quando surgiu o Anjo do Menino orientando os reis magos a
não retornarem a Herodes contando onde encontraram o presépio. Já asseguravam os historiadores da
época que era preferível ser um porco de Herodes que um filho dele, porque ao menos aos seus porcos não
os matava (por aparentar ser um bom judeu a não comer carne tida como impura). Herodes havia mandado
matar seu próprio filho! E os Magos partiram de Belém e adentraram na obscuridade. Já haviam realizado
sua tarefa em plenitude. Ser os primeiros a “viver a loucura evangélica a aceitar como lógico por-se em
marcha seguindo uma estrela muda e ajoelhar-se ante um Deus que aceitou um cocho por trono”.
Diz uma antiga lenda medieval que junto com os três reis magos, Belchior, Gaspar e Baltazar, ia
um menino que depositou aos pés do berço de palha uma caixinha de música. Essa criança representava
todos aqueles de boa vontade. Dom natural da humanidade. Levar consigo a incumbência de ser cântico
para os seus, para os momentos marcantes. Penso eu, que devíamos sempre carregar em nosso coração –
nossa caixinha de música – uma sinfonia. Um “Exultat” para as horas mais Altas.
Penso eu, que na atualidade recrudescem nos corações – caixinhas de Pandora – de onde saem
todos os males. E um dos mais aviltantes é a intolerância religiosa. O Ecumenismo do papa João XXIII
ensinou: aceitar a todos como irmãos. E respeitar suas crenças. Dia 8 de dezembro de cada ano, dia da
Padroeira do Amazonas, N. S. da Conceição os católicos dão esse testemunho ao abrir as portas da Catedral
e nela adentrarem os seguidores da umbanda, vestidos a caráter, levando a virgem da Conceição num andar
para homenageá-la. Isso é ter um EXULTAT no coração! Mas proliferam as caixinhas de Pandora. E nós
não mais estamos nos dias do rei Herodes.
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