“A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença,
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.” (Augusto dos Anjos)
Caminhar na esperança! De esperança em esperança! Ela é mais que otimismo.
O otimismo não suporta o sofrimento, a perda. O otimismo olha com certa
superficialidade a cotidianidade e pode até proporcionar momentos de alegria e
entusiasmo. O entusiasmo anima a viver o presente, mas não vislumbra o futuro em
meio a escuridão. A esperança, enraizada no mais profundo da pessoa, conduz e atrai
também, ou especialmente, na dor, no sofrimento, na decepção. A esperança coloca de
pé e faz sonhar na derrota. Como ensina Papa Francisco “a esperança é sofrida.
A
esperança sabe sofrer para levar a cabo um projeto, sabe sacrificar-se”.
A esperança é fecunda! A esperança dá vida! Ela a sustentar e elevar! Ela
fecunda a derrota em sonhos de transformação. É fecunda pois retira da frustração e
conduz por caminhos desconhecidos, mas elucidativos. A esperança vai despertando
vida, vai fecundo a vida, os dias, as relações, alimenta o próprio entusiasmo.
A esperança é criativa! Como flor no deserto, como plantinha entre as pedras:
faz vicejar. Esperança, do verbo esperançar! Ela movimenta os dias, enobrece os
sonhos, cultiva as relações. “Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é
construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se
com outros para fazer de outro modo” (Paulo Freire).
A esperança alarga horizonte, aponta o Infinito. A esperança não remove a
finitude, mas a eleva à eternidade. O Ressuscitado se fez esperança, mostrando a
fecundidade da vida e da morte. A esperança a suplantar a cruz e a morte. “Ao final do
caminho me dirá, e tu, viveste? Amaste? E eu, sem dizer nada, abrirei o coração cheio
de nomes” (Dom Pedro Casaldaliga).
Um convite à esperança que fala duma realidade que está enraizada no mais
fundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos
condicionamentos históricos em que vive. “Fala-nos duma sede, duma aspiração, dum
anseio de plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que
enche o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a
beleza, a justiça e o amor. A esperança é ousada, sabe olhar para além das comodidades
pessoais, das pequenas seguranças e compensações que reduzem o horizonte, para se
abrir aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna” (cf. Papa Francisco,
Fratelli Tutti, 55). A esperança que deixa crer!