No Amazonas, o resultado das últimas eleições demonstra que os partidos políticos de esquerda ou declarados nos seus estatutos como de vertentes socialistas, igualitários e libertários, encolheram nos espaços de poder político e na sociedade civil, expondo a necessidade de rever suas estratégias de organização, de comunicação e suas relações com a população.
Nas eleições de 2022, o partido dos trabalhadores – PT no Amazonas perdeu a única representação na Câmara dos Deputados e manteve o antigo parlamentar estadual; o Partido Socialista Brasileiro – PSB, não reelegeu o longevo deputado Serafim Corrêa, voz solitária do partido na Assembleia Legislativa; o Partido Democrático Trabalhista – PDT não elegeu ninguém, assim como o Rede Sustentabilidade, o Partido Comunistas do Brasil – PC do B e o Partido do Socialismo e Liberdade – PSOL; e outras legendas com o Partido Comunista Brasileiro e o PSTU sequer lançaram candidaturas. Foi um retumbante fracasso!
Alguns desses partidos já foram protagonistas de grandes embates eleitorais e de movimentos políticos. Unidos, o PC do B, PDT, PCB, PSB e o PT, alcançaram a posição de segunda força política do Amazonas, com o Muda Amazonas, a Frente Brasil Popular Amazonas, o Reage Amazonas e o Chegou a Hora, elegendo vereadores, deputados estaduais e federais, prefeitos de Manaus e do Interior. A realidade é bem diferente nos dias atuais.
No presente contexto político, levando em consideração as estratégias políticas do passado e do presente, a união das siglas ou a disputa sem coligação, os extremismos ou as grandes alianças e as coligações eleitorais com partidos e partidários da direita, é possível afirmar que o PT, PC do B, PDT e PSB diminuíram e outros como o Rede Sustentabilidade, o PSOL, o PCB e o PSTU continuam nanicos. Uma realidade que requer mudanças.
As mudanças não são fáceis: será que existe vontade para renovação das direções partidárias? Será que são capazes de entender a nova dinâmica do mundo real, com as novas crenças religiosas, novas modalidades de organização social, novas formas de trabalho e de economias? Será que vão investir em comunicação digital? Será que vão ser capazes de fazer funcionar os partidos o ano todo com formação política e aberto à sociedade? Será que entenderão que é preciso uma agenda de gestão pública para o estado e para as cidades com participação popular, com propostas e respostas para resolver os graves problemas do Amazonas? Promover mudanças nos partidos é difícil. Porém, as condições objetivas mostram essa necessidade.
A realidade do Amazonas é campo fértil para crescimento de partidos com vocação igualitária e libertária. A pobreza só cresce, os pedintes estão em todos lugares; os indicadores educacionais são péssimos e a educação infantil ainda é para poucos; crescimento de homicídios, de violências contra mulheres, pretos e indígenas são expostas; a saúde tem fila enorme para cirurgias e a assistência básica não tem cobertura pra todos. Então, a quem recorrer?
Ademais, o transporte coletivo é precário; o transporte sob os rios é desconfortável e caro; ato político é bem tradicional, sem transparência, as decisões estão distantes da população e carregam escândalos de corrupção; os poderes e os órgãos estão desgastados e agarrados aos seus benefícios. Então, a quem recorrer?
Ora, a mudança para melhor é importante em todas as siglas partidárias, em especial, naquelas em que o declínio eleitoral e a limitada relação com a sociedade são reais. É necessária e fará muito bem à democracia.