Empresa especializada em comercialização de produtos de mobilidade elétrica, que começou a atuação em 2019 como importadora e revendedora, a Boram inicia as operações de maneira industrial em Manaus e busca se consolidar no mercado nacional, sob a promessa de sustentabilidade e economia aliadas à praticidade.
A Boram começou o desenvolvimento com a incorporação de veículos da China para revenda no Brasil, em um modelo de negócio que possibilitou a abertura de oito lojas em três estados e uma produção diária de 30 motos e bicicletas.
“Como não tem custo com gasolina e nem com manutenção de peças de desgaste, a moto elétrica se torna viável no primeiro dia, por parar de gastar com combustível e, nos meses seguintes, por conta da economia de manutenção. A base é que a pessoa tenha um produto mais viável economicamente e não esteja agredindo o meio ambiente, essa é a essência do negócio”, afirma Thiago Freire, sócio-fundador da Boram.
O portfólio da empresa conta com cinco modelos de motos elétricas, que custam entre R$ 14,7 mil a R$ 19,9 mil, com autonomia de até 80 km e velocidade máxima de até 85 km/h. Entre abril e junho, a Boram espera lançar uma versão com foco no mercado de trabalho e no dia-a-dia, com preço ainda não divulgado, que pode chegar a rodar 100km a 110 km/h.
Com a fábrica já em funcionamento na Zona Franca de Manaus, a Boram espera chegar a produção de 2 mil veículos elétricos por mês, que inicialmente é de 300 a 500 motos, além de expandir a área de atuação para diversos estados no Brasil.
“Estão bem definidos três segmentos de produtos da Boram: a linha leve, que são as bicicletas, patinetes, aqueles que não precisam de homologação do Senatran; a linha scooter, que trabalhamos hoje com roda mais larga para micromobilidade, motos mais de lazer; e a linha work, que são as motos street, scooter, mais voltadas para o mercado de trabalho ou para quem quer mais performance. Estas vão ser as substitutas para a moto a combustão tradicional, explica Freire.
Oportunidade de negócio
O mercado de carros elétricos no Brasil cresce ano após ano e, em 2023, teve aumento de 91% em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Na região Norte, o crescimento das vendas foi de 67%.
A ABVE estima que as vendas de veículos eletrificados no Brasil possam chegar a 1 milhão de unidades em 2030. Os motivos para a crescente adesão variam do baixo custo de aquisição em relação a um carro elétrico ou à combustão, até a acessibilidade de carregamento, já que as motocicletas podem ser recarregadas em tomadas comuns em poucos minutos.
Na comparação nacional, no entanto, o Amazonas aparece apenas na 20ª posição, com 841 veículos elétricos vendidos, considerando a soma entre veículos elétricos híbridos plug-in (PHEV), elétricos 100% a bateria (BEV) e elétricos híbridos convencionais sem recarga externa (HEV).
“Decidimos trazer as primeiras dez motos em 2019. Quando fomos comprar um capacete, o próprio vendedor se interessou e, em uma semana, vendemos todas. Vimos que tinha uma excelente oportunidade, as pessoas tiravam fotos, perguntavam de onde veio. Foi quando sentamos para decidir como seria esse modelo de negócios, que não seria mais uma importação tradicional, mas sim uma loja com autoridade no setor de mobilidade elétrica e iríamos trazer sempre novidades com moto, bicicleta, patinete, hoverboards”, conta Thiago Freire.
Um estudo da consultoria empresarial A&M também indica que, no Brasil, a transição para o veículo elétrico está defasada em cerca de cinco anos em relação aos mercados líderes. E foi justamente com base nestas necessidades que a Boram viu uma oportunidade de investir na região Norte, principalmente.
“O crescimento da mobilidade elétrica depende da infraestrutura da cidade e vice versa. Alguém precisa tomar a vanguarda e decidir por onde a gente começa. Primeiro, é popular a rua com motos elétricas e disponibilizar soluções de recarga. A solução final é termos as swap stations, estações específicas de troca de bateria espalhadas pela cidade, que pretendemos fazer quando tivermos mais motos rodando nas ruas”, projeta o sócio-fundador da Boram.
Projeções de expansão
O custo total da obra para estabelecimento da fábrica para expensão foi de R$ 10,2 milhões. Destes, R$ 3,6 milhões foram destinados à infraestrutura do espaço e outros R$ 6,6 milhões foram investidos na importação de peças e insumos para o começo da produção, com 700 motos já prontas.
“Ter uma fábrica é um passo muito grande na nossa trajetória, é um movimento bem agressivo, audacioso. Gosto de dizer que saímos de importador regional para um fabricante nacional. Este momento de validação é o momento de calibração de produto, produção e ida ao mercado com assertividade. É isso que estamos trabalhando, esse é o nosso desafio para este ano”, completa Freire.
A partir da fabricação em larga escala, a projeção envolve a abertura de novas lojas franqueadas, associação a revendedores autorizados e o aumento do volume de produção. Apesar da expansão estar no radar da empresa e ser um processo natural do crescimento do negócio, o sócio-fundador destaca que a região Norte segue como prioridade para os próximos passos.
“A gente projeta o faturamento para 2024, mas a grande dificuldade é calibrar produto e escoamento logístico. Vamos fazer um crescimento menos intenso, mais orgânico e com mais consistência. A fábrica ficou disponível para comercialização dos produtos, apesar de começar a produção em agosto, só em dezembro, com a liberação do Senatran para emplacamento. De dezembro para cá, já começamos a validar isso no mercado e vamos projetar um crescimento um pouco menor [que os R$ 69 milhões inicialmente projetados], mas com mais consistência”, completa.