Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da França, Emmanuel Macron, lançaram nesta quarta-feira (27) um submarino construído no Brasil com tecnologia francesa, no âmbito do programa para construir o primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear até o final da década.
Lula e Macron participaram de uma cerimônia no estaleiro de Itaguaí (RJ) para o lançamento do terceiro submarino movido a diesel construído em uma parceria de US$ 10 bilhões entre os dois países.
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A primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, quebrou uma garrafa de champanhe na proa do submarino Tonelero em seu batismo, e os dois presidentes ativaram uma alavanca que enviou o navio da classe Scorpene ao mar.
O programa iniciado em 2008, durante o mandato presidencial anterior de Lula, é uma parceria com o Naval Group, estatal francesa na qual a empresa de defesa Thales tem uma participação de 35%.
O governo brasileiro disse que sua frota de submarinos é necessária para defender a costa de quase 7.500 km do país e suas águas no Oceano Atlântico, onde o país explora vastos campos de petróleo offshore.
Em seu discurso, Lula afirmou que “deste estaleiro de Itaguaí vislumbramos a vastidão dos 5,7 milhões de km² do espaço marítimo brasileiro”. “95% do comércio exterior brasileiro transita pelo Atlântico Sul, onde existem recursos naturais e rica biodiversidade ainda inexplorados. Da Amazônia Azul retiramos 85% do petróleo, 75% do gás natural e 45% do pescado produzido no país”.
Segundo o presidente brasileiro, “a proteção desse patrimônio natural e a manutenção do Atlântico Sul como Zona de Paz e Cooperação são vertentes centrais da política externa brasileira”, e a França faz parte disso. “Ao longo dos últimos 150 anos, esses objetivos nacionais se tornaram realidade com o apoio francês. Vários dos navios da Marinha do Brasil foram construídos na França.”
Macron no Brasil
Macron realiza nesta semana uma visita de três dias ao Brasil, para relançar a relação bilateral e a parceria estratégica entre os países, após um afastamento entre Brasil e França durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem Macron criticou por não ter protegido a floresta amazônica.
Macron desembarcou ontem no Brasil, em Belém (PA), onde o país sediará a COP30 em 2025. Lula o recebeu na capital paraense e juntos se comprometeram a trabalhar em parceria para acabar com o desmatamento na Amazônia até 2030 (a Guiana Francesa, que também faz parte do bioma, faz parte do país europeu).
Macron se reunirá com empresários em São Paulo ainda hoje e, amanhã, fará uma visita de Estado a Brasília. A indústria brasileira pretende usar a visita de do presidente francês à Fiesp para cobrar o acordo entre Mercosul e União Europeia.