Estamos no dia 5 de Setembro em que é homenageada Tereza de Calcutá como Santa da Igreja
Católica. O ditado popular afirma “a palavra convence, mas o exemplo arrasta”. Eis a maneira com que
podemos definir a figura de Madre Teresa de Calcutá, celebrando seus seguidores, no ano de 2010,
seu centenário de nascimento. Sabemos que a freira de corpo “franzino de Calcutá escolheu seu nome,
Teresa, em homenagem a padroeira das missões Sta. Teresa de Lisieux”. Pois digo pessoalmente que
também foi uma homenagem a outra doutora da Igreja, Santa Teresa D’Avila que reformulou o Carmelo:
Com sua filosofia dinâmica de execução da ação + oração. Os dois conjugados resultam em obras que
sugerem milagres. Ao chamado vocacional religioso já havia acedido, no entanto o que considerou “a
chamada na chamada” deu-se em 1943. Nesse ano, o cenário sócio-político em Bengala – a carestia de
1943 e os conflitos sangrentos entre hindus e muçulmanos – que precipitou Calcutá no desespero e no
horror, foram a mola propulsora para a tomada de ação radical pelos mais destituídos da dignidade
humana, os mais sofridos, os miseráveis, os excluídos da sociedade. Por isso em 1948 tomou a
resolução: Substituiu o tradicional hábito de Loreto por um simples sári de algodão branco bordado de
azul e adotou a cidadania indiana. Depois disso aventurou-se no submundo de Calcutá. E em 1950
fundou as “Missionárias da Caridade”. Após 60 anos, só em Calcutá, existem 19 institutos com cinco mil
religiosas. Todas empenhadas em mais de130 países. Aqui mesmo em Manaus as Irmãs de Madre
Teresa estão lá no Bairro do Coroado II levando o carisma de sua fundadora a nós amazonenses. Nos
festejos de sua centúria foram dedicados três festivais cinematográficos internacionais: o “Mother
Teresa Film” em Calcutá, além de apresentar dezesseis filmes adquirindo assim um alcance global já
que nele estão inclusos 15 países asiáticos. Quem a levou a ser conhecida internacionalmente foi o
jornalista inglês Malcom Muggeridge. Entrevistou-a em 1968 para a BBC de Londres realizando no ano
seguinte um documentário sobre sua vida e obras e em 1971 um filme televisivo. “OLHAR OS LÍRIOS
NOS CAMPOS” – Madre Teresa “tinha como imperativo de sua formação cristã-católica a crença
inarredável na presença real de Cristo na Eucaristia e na Providência Divina. Acreditar que até nos
corpos dos mais pobres entre os pobres estava tocando o corpo divino do Cristo… Acreditar que não
necessitava depender do dinheiro de ninguém, nem do governo. E que toda dependência econômica
podia-se transformar numa escravidão econômica… Acreditar sim, no poder do exemplo que arrasta as
mais variadas formas de apoio a sua missão… Acreditar, principalmente que o Alto proveria suas
vicissitudes e seriam saciadas naturalmente como os lírios crescem formosos e livres nos campos… A
Providência deu-lhe em 1964, o automóvel que o papa Paulo VI utilizou durante sua visita a Bombaim e
este foi rifado. A doação foi do próprio Paulo VI. Rifa apurada e destinada à caridade. A Providência
deu-lhe o dinheiro do Prêmio para a Paz “Papa João XXIII” em 1971 com que fundou um leprosário. A
Providência deu-lhe o prêmio Nobel para a paz em 1979 e o dinheiro, ah! O dinheiro, do que seria gasto
só no banquete oficial foi revertido na compra de refeições para quinze mil pobres. Com o dinheiro do
prêmio abriu casas para alcoólatras, toxicômanos, doentes de AIDS, desabrigados e indigentes,
inclusive em Roma. A combinação oração e ação de Madre Teresa significavam usar os joelhos para
louvar e orar e as mãos para o agir em prol dos desassistidos. Ela não se via como uma pessoa
extraordinária, mas humana como você e eu, porque ela mesmo confessou e revelou suas crises
profundas de fé, principalmente ao enfrentar adversidades e perseguições à sua obra. E para ela as
obras como nos dizeres de um poeta espanhol: “Obras, são amores”. Para mim uma de suas atitudes
mais sublimes entre centenas delas foi aquela em que agiu como a mais fiel representante da arte do
amor maternal. Nunca gerou um filho, mas foi mãe espiritual de dezenas de crianças duma escola de
deficientes que estava em meio ao fogo cruzado na guerra do Líbano. Ela atravessou serena o terreno
beligerante. Calaram-se de imediato os sons das granadas, metralhadoras e bombas. Tal o magnetismo
emanado de sua frágil figura. E resgatou-as com sucesso. Eis a força do exemplo. Que arrasta
multidões. Nos locais de altas temperaturas onde a neve comanda grandes distâncias vê-se quebrando
a monotonia unicolor, o verde. O verde dos pinheiros nas mais variadas nuances. São eles exemplos
como, Madre Teresa, de vida e de abrigo nas intempéries do cotidiano.
CARMEN NOVOA SILVA, é Teóloga e membro da Academia Amazonense
de Letras e da Academia Marial do Santuário de Aparecida-SP