O preço das passagens aéreas caiu 12,20% no mês de abril, segundo o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), dado considerado como a “prévia da inflação” oficial do país.
A queda foi a mais expressiva na margem mensal entre todos os 447 itens apurados pelo indicador.
O índice geral subiu 0,21% no mês, em alta junto de oito dos nove grupos que o compõem. O único que apresentou queda no mês foi o de transportes, (-0,49%), o qual é integrado pelas passagens aéreas.
O que chama atenção é que, desde o final do ano passado, o preço das passagens aéreas ascendeu um sinal de alerta. De setembro a dezembro, foram quatro altas seguidas apuradas pelo IPCA-15.
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em setembro de 2023, a passagem atingiu o maior valor médio desde fevereiro de 2009, R$ 765,48.
Mas agora, com o dado de abril, o item registrou a quarta queda seguida na prévia da inflação. Na margem de 12 meses, a deflação da passagem aérea ficou em 6,51%, a queda desde maio de 2021 (-21,36%).
Especialistas reforçam que a notícia é boa, mas que este pode ainda não ser um movimento duradouro.
“A queda nos preços das passagens aéreas é o reflexo de 3 fatores. A redução no valor do querosene de aviação; o compromisso de apoio do governo para o setor de aviação, desde crédito até programa para incentivar mais passageiros a voarem; e principalmente, o fim do período de férias”, explica Fábio Murad, Sócio da Ipê Avaliações.
Nota-se então a sazonalidade do item pesando sobre o movimento de queda. “A gente está entrando no período de baixa temporada, e nessa baixa temporada a procura é menor e o preço também não sobe. Então o que as companhias fazem para atrair o consumidor é baixar o preço”, avalia o economista e especialista em inflação da FGV/Ibre, André Braz.
Com a proximidade das férias escolares em julho, muitas pessoas já começam a se programar para viagens em meados de maio. Tendo em vista isso, Braz acredita que a queda não veio para ficar.
“Eu não diria que essa queda é uma tendência, eu diria que essa queda é reflexo de uma demanda menos aquecida nessa época do ano. Eu aposto que no número de maio você já vai ver uma passagem aérea provavelmente em alta, já sinalizando uma demanda mais aquecida para as férias de julho”, conclui o economista da FGV.
Braz reforça a questão da sazonalidade ao olhar retroativamente para o dado. Na variação mensal, as passagens aéreas também registraram queda entre os meses de janeiro e março dos últimos quatro anos.
Após a sequência de altas, para quem é de dentro do setor, como André Vilar, CEO e fundador da empresa de turismo Monis, a percepção é de que esta é “mais uma correção do que uma melhora de fato”.
“Após uma sequência de altas seria normal esperar uma queda, no entanto, essa queda foi bem expressiva e ajudou muito para corrigir os preços”, diz Vilar.
Fonte: CNN.