A relação próxima entre o candidato do partido Republicano e ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Javier Milei, presidente da Argentina não traz riscos para as relações comerciais entre o Brasil e os argentinos. A avaliação é de fontes da diplomacia brasileira que acompanham tanto as eleições americanas quanto o relacionamento com o país vizinho.
No Itamaraty, a análise é que dentro do governo de Milei há uma perspectiva de que uma possível eleição de Trump poderia trazer “vantagens concretas” ao país.
Entretanto, sobre as relações comerciais dos vizinhos sul-americanos, os diplomatas acreditam que há uma “cooperação única” entre o Brasil e a Argentina e não veem como os Estados Unidos poderiam “tirar espaço” dos produtos brasileiros.
Entre os motivos citados pelos diplomatas está o fato dos países serem fronteiriços e terem cooperações consolidadas em diversos setores, apesar da orientação ideológica dos governantes de ambos ao longo dos últimos anos.
Nesta semana, Bitelli foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) para consultas no Brasil. O movimento foi feito depois de Milei vir ao Brasil para um evento conservador. O presidente da Argentina também fez viagens aos Estados Unidos e não se encontrou com o presidente americano Joe Biden.
O diplomata também teve um breve encontro com Lula que pediu a manutenção das relações bilaterais, apesar de Milei.
A agenda do embaixador incluiu ainda encontros com ministros de diversas áreas como Indústria e Comércio, Defesa e Agricultura.
Das reuniões, Bitelli saiu com uma agenda de prioridades para serem encaminhadas para futuras oportunidades de negócios com os vizinhos.
Entre os pontos de atenção estão a importação de gás natural dos argentinos da região de Vaca Muerta, a cooperação da produção de insumos agrícolas como fertilizantes e exportação de cafés especiais para os vizinhos.
A expectativa é que sem a perspectiva de relações pessoais entre Lula e Milei, as agendas ministeriais entre os dois países seja intensificada.
O Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, sinalizou, por exemplo, que pode participar de um encontro do setor na Argentina, em outubro.
Apesar das perspectivas de intensificar as relações comerciais, os diplomatas brasileiros acompanham com atenção as transformações formuladas pelo governo Milei nas políticas econômicas, sociais e de gerenciamento de Estado.
Desde a campanha presidencial argentina de 2023, o Embaixador do Brasil na Argentina, Julio Bitelli, começou a abrir canais para dialogar com o futuro governo Milei.
Para o corpo diplomático, apesar da falta de relação pessoal entre os presidentes brasileiro e argentino, as relações ministeriais e entre as embaixadas acontecem sem dificuldades.