A seca no Brasil vem pressionando o custo das operações na Zona Franca de Manaus. Cálculos da Federação das Indústrias do estado do Amazonas (Fieam) estimam um gasto adicional de R$ 500 milhões apenas com transporte neste ano.
O valor extra, que vem sendo chamado de “taxa seca”, decorre de práticas que a indústria tem adotado para mitigar os efeitos da severa estiagem na chegada de insumos e saída de produtos do polo industrial.
O cenário vem se desenhando com mais força em agosto, segundo relata o presidente da instituição Antonio Silva. Segundo ele, essa taxa chega a US$ 5 mil por contêiner.
“Não temos a BR-319 asfaltada – a rodovia que liga o Amazonas a Rondônia e ao resto do país – e a maioria dos bens produzidos no Polo Industrial de Manaus depende dos transportes pelos rios, que não permitem a navegabilidade de navios de grande porte na região no período de estiagem”, avalia o representante.
Além de ter que recorrer a rotas alternativas, para driblar a seca, o setor vem tendo custos adicionais com a elevação nos estoques de componentes, uma alteração dos fluxos logísticos para se adequarem ao cenário.
Outra estratégia adotada pelas empresas é o fechamento contratos de venda antecipada às lojas.
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Energia mais cara
Além do transporte, a falta de água também eleva o preço da energia para o setor, que já é responsável pelo consumo de quase 32% de toda a geração nacional.
Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elevou para bandeira vermelha patamar 1 a cobrança extra sobre a conta de luz em setembro.
A classificação tem custo adicional de R$ 4,463 por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Segundo um relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), dentre as fontes energéticas, a participação da eletricidade no segmento industrial é de 21,5%, seguido por bagaço de cana (22,4%) e carvão mineral (11,6%).