O presidente eleito Donald Trump tem o caminho aberto para fazer transformações radicais nos Estados Unidos nos próximos quatro anos.
A sua vitória foi expressiva. Ele venceu tanto no colégio eleitoral como no voto popular, ganhando um forte mandato do eleitorado.
Trump também vai governar com maioria do Partido Republicano no Senado e, provavelmente, na Câmara dos Representantes. Com isso, terá mais facilidade para controlar a agenda legislativa e implementar muitas das mudanças que desejar.
Além disso, a Suprema Corte do país tem uma maioria conservadora, que provavelmente não colocará muitos obstáculos às suas manobras políticas.
Em seus quatro anos no cargo o presidente eleito talvez tenha ainda a oportunidade de nomear novos juízes conservadores, mantendo o perfil da Corte por muito tempo – três dos nove membros do tribunal têm mais de 70 anos e poderão se aposentar em breve.
Trump poderá se beneficiar ainda de uma decisão recente da própria Suprema Corte que deu imunidade a atos do presidente tomados no cargo.
Para completar tudo isso, o Partido Democrata, na oposição, sai da eleição enfraquecido, sem um discurso popular e precisará de um tempo para se recompor.
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Grandes mudanças
Com tudo isso, Trump tem uma grande oportunidade política para implementar de fato as promessas radicais que fez durante a campanha eleitoral – com impactos dentro e fora dos Estados Unidos.
Na economia, ele será protecionista e cortará impostos, especialmente para empresas e os mais ricos. Propostas em voga como a criação de uma taxação dos chamados super-ricos, defendidas inclusive pelo governo brasileiro, serão devidamente arquivadas em sua gestão.
Deverá ainda ampliar disputas comerciais com a China e alguns outros países, como o México. O presidente eleito defendeu várias vezes o aumento dos impostos sobre produtos chineses importados e o bloqueio à importação de determinados bens industrializados do México.
A ideia aqui seria substituir essas importações por aumento da produção industrial americana, um claro sinal protecionista, mas que terá dificuldades para ser implantado na prática.
Na área social, Trump continuará dando seguimento a uma pauta muito conservadora nos costumes – restringindo o direito ao aborto e o debate sobre questões identitárias.
Com relação à imigração, o republicano vai apostar em ideias duras como extradições sumárias, restrição à entrada de cidadãos de determinados países nos Estados Unidos e até adotar novamente propostas fracassadas como separar famílias de pessoas ilegais na fronteira.
Na política interna, é muito mais do que provável que o presidente eleito tente de fato usar a estrutura do Estado para perseguir rivais políticos como o presidente Joe Biden. Trump já deu, mesmo quando estava no governo, sinais de gostar de revanches – e ele acredita que foi perseguido com processos judiciais e outras medidas.
Aliás, o republicano também fará de tudo para bloquear as ações criminais que continuam em andamento contra ele, podendo até explorar um eventual caminho de se auto indultar por eles, o que causaria grande polêmica.
Por fim, a sua eleição terá um grande impacto no combate às mudanças climáticas. Praticamente um negacionista, ele promete seguir caminho de mais investimento, por exemplo, na indústria do petróleo.
Poderá ainda repetir uma medida polêmica de seu primeiro mandato, quando retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, o principal instrumento para tentar impedir o aquecimento global desenfreado.