A defesa das vítimas que denunciam o ex-padre Bernardino Batista dos Santos, de 77 anos, acusado de estupro de vulnerável, se pronunciou com “profunda preocupação e pesar” sobre a soltura do investigado nesta quinta-feira (28 de novembro). Uma decisão da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) concedeu habeas corpus ao acusado, pedido apresentado pela defesa do ex-líder religioso. Bernardino ficou 36 dias preso e passa, agora, a responder em liberdade com uso de tornozeleira eletrônica.
“Reiteramos nossa solidariedade às vítimas e suas famílias, reafirmando que permaneceremos vigilantes e comprometidas com o combate aos crimes dessa natureza tão nefasta e odiosa, na esperança de que o caso seja julgado sem qualquer interferência das instituições religiosas”, diz nota assinada pelas advogadas das vítimas, Ana Carolina Oliveira e Priscilla Chagas e Moura.
No pronunciamento, a defesa das mulheres afirma que respeitará o curso do processo legal, “garantindo que todas as medidas cabíveis sejam tomadas”.
Caso será tema de audiência na ALMG
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) será palco de uma discussão sobre as dezenas de denúncias de abuso sexual contra o ex-padre Bernardino Batista dos Santos e a forma como o caso está sendo tratado pela Justiça, pela Arquidiocese e pela segurança pública.
A audiência está marcada para a próxima sexta-feira (6 de dezembro), com expectativa do primeiro pronunciamento de representantes da Igreja Católica.
Ex-padre foi solto após pouco mais de um mês
A Justiça mineira soltou o ex-padre Bernardino Batista dos Santos, de 77 anos, da prisão nesta quinta-feira (28 de novembro). Uma decisão da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) concedeu habeas corpus ao investigado, pedido apresentado pela defesa do ex-líder religioso. Bernardino deixou o sistema prisional nesta tarde, como confirmado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Relembre o caso
A prisão de Bernardino Batista dos Santos, em 23 de outubro, em Juatuba, na Grande BH, trouxe à tona uma série de acusações feitas por possíveis vítimas. A Polícia Civil afirma que pelo menos 50 meninas, jovens e mulheres podem ter sido violentadas pelo homem, crimes ocorridos desde os anos 1980. Para o julgamento, porém, apenas os fatos ocorridos de 2012 em diante são considerados, já que os mais antigos prescreveram.
O ex-líder religioso foi indiciado por uma denúncia de abuso de uma menina de 4 anos no sítio de Bernardino, em Tiros, na região do Alto Paranaíba, onde ele realizava excursões cristãs, em 2016. Mas, conforme a investigação da Polícia Civil, os primeiros abusos sexuais contra crianças e adolescentes, com idades entre 3 e 11 anos, ocorreram no ano de 1980.
A maioria dos casos denunciados é da época em que ele era o padre da Paróquia Nossa Senhora Medianeira e Santa Luzia, no bairro Paraíso, na região Leste de BH.
O que diz a Arquidiocese de BH?
Em nota, a Arquidiocese de Belo Horizonte informou que Bernardino está afastado do sacerdócio desde novembro de 2021, por decisão definitiva do Vaticano, em instância final.