Aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmam ser evidente a necessidade de um freio de arrumação na Esplanada dos Ministérios a partir do próximo ano. O próprio Lira também teria defendido mudanças no governo para acomodar melhor partidos que são da base, mas que não têm demonstrado fidelidade ao Planalto.
A avaliação é de que a relação, hoje, está descompensada tanto para o governo, quanto para os partidos. A leitura é de que há siglas que apoiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e estão se sentindo negligenciadas e de que, ao mesmo tempo, há legendas que estão prestigiadas e que não endossam votações no Congresso.
Há uma cobrança para que o governo seja mais proativo e resolva problemas internos percebidos como questões de “fogo brando” dentro do próprio Executivo. Em outras palavras, há uma avaliação de que as dificuldades vão além da relação entre o Planalto e o Congresso.
Embora o Palácio do Planalto não confirme que as alterações irão acontecer, interlocutores próximos à Lula também admitem a necessidade de uma reestruturação ministerial.
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Com a conclusão das votações essenciais para o governo na área econômica, como a reforma tributária e o pacote de ajuste fiscal, as discussões sobre uma possível reforma ministerial do governo Lula ganharam ainda mais corpo nas últimas semanas dentro do Congresso.
Apesar do peso político de Arthur Lira (PP-AL) nos dois primeiros anos do terceiro mandato de Lula, o presidente da Câmara teria afirmado a aliados que não recebeu convite do presidente para assumir um ministério.
O mandato de Lira na Câmara encerra em fevereiro de 2025. Em outubro deste ano, o alagoano oficializou seu apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para sucedê-lo no comando da Casa.
No radar de Lira, segundo aliados, está também a intenção de disputar uma vaga no Senado em 2026, o que descartaria a possibilidade de assumir uma pasta ministerial.
Para líderes partidários, a reforma ministerial pode abrir espaço para legendas menos valorizada pelo Planalto, mas que apoiaram pautas de interesse do governo. A iniciativa também serviria como ajuste em relação a partidos que ocupam ministérios, mas não demonstraram o mesmo apoio nas votações no Congresso.