Os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams, “presos” no espaço desde junho de 2024, finalmente retornarão para a Terra nesta terça-feira (18). Originalmente, a volta estava programada para quarta (19), porém foi adiantada por conta das condições climáticas.
Os dois estarão juntos do astronauta Nick Hague e do cosmonauta da Roscosmos Aleksandr Gorbunov. Eles fazem parte da missão Crew-9 e iriam originalmente em quatro, porém o número foi reduzido para que ambos “presos” na Estação Espacial Internacional voltassem juntos.
“A meta de retorno atualizada continua a permitir que os membros da tripulação da estação espacial concluam as tarefas de transferência, ao mesmo tempo, em que fornecem flexibilidade operacional antes das condições climáticas menos favoráveis esperadas para o final da semana”, afirma a Nasa em comunicado.
Ao longo da madrugada dessa segunda (17) para esta terça (18), houve o fechamento da escotilha e o desacoplamento, que ocorreu por volta das 2h05, horário de Brasília. A viagem irá durar cerca de 17 horas no total. A volta é com a nave SpaceX Dragon.
A expectativa é que os preparativos para a descida comecem por volta das 17h45, no horário de Brasília. Se tudo ocorrer conforme planejado, por volta das 18h11 eles começam a descida na atmosfera terrestre e, às 18h57, os quatro estarão fazendo o Splashdown para cair na Terra.
O resgate será na Flórida, na costa sudeste dos Estados Unidos. Ainda não há informação sobre o local exato.
A Nasa transmite tudo a partir do horário de descida em www.nasa.gov/live. Veja a transmissão ao vivo também no YouTube da Nasa:
Por que eles só voltaram agora?
O retorno só foi possível devido à chegada da Crew-10 na Estação Espacial Internacional. Contendo os tripulantes Anne McClain, da NASA (comandante); Nichole Ayers, da NASA (pilota); Takuya Onishi, da JAXA (especialista de missão); e Kirill Peskov, da Roscosmos (especialista de missão), a missão substitui a Crew-9.
O acoplamento foi feito durante a madrugada de domingo (16), pelo horário de Brasília. Eles chegaram e agora está sendo feita uma espécie de “passagem de turno” para que todas as informações sobre o andamento das pesquisas sejam repassadas.
A Crew-9 está na Estação desde setembro de 2024. Mesmo que tenha sido programada para ter quatro astronautas, apenas dois foram: Nick Hague e o cosmonauta da Roscosmos Aleksandr Gorbunov. O objetivo era que houvesse dois lugares vazios para os astronautas retornarem.

Relembre o caso
Butch Wilmore e Suni Williams foram levados para o espaço em voo de teste para a nave Starliner, da Boeing. A questão é que houve problemas ao atracar na estação e eles estão lá desde então.

O retorno deles chegou a ser adiado diversas vezes. Inicialmente, haveria um módulo de resgate, algo que foi depois deixado de lado. Além disso, chegou a se ventilar a possibilidade de um novo voo para consertar a Starliner e trazê-los de volta, porém o medo de novos problemas fez com que a ideia fosse descartada.
Ao fim, foi decidido que eles pegariam “carona” com o módulo de Crew-9, que seguiu o planejamento. Para retornar, contudo, precisava da chegada da Crew-10, que teve o voo adiado em outras ocasiões — originalmente seria em fevereiro.
Como o corpo dos astronautas é afetado?
Apesar de ambos terem ido preparados para se manter um longo período no espaço, o corpo acaba sendo extremamente afetado pelo período fora da Terra. Sem gravidade, eles têm um peso completamente diferente e uma forma de andar e fazer qualquer coisa também modificada.
Por exemplo, a alimentação é feita por meio de pós ou objetos sólidos, porém que têm processo mais fácil de comer. Além disso, os banhos são tomados com uma toalha contendo água e sabão e outra, completamente seca.
Entender o tempo também não é nada fácil, já que as 24 horas na Estação Especial Internacional são completamente diferentes de um dia na Terra. Eles passam por 16 nascer e pôr do sol.
A maior dificuldade fica sob a questão da musculação. Pela falta de gravidade, é natural que os músculos percam força e haja dificuldade de locomoção assim que retornarem para o solo terrestre — estudos mostram que eles podem perder cerca de 30% de massa. No espaço, eles chegam a fazer algumas horas diárias de atividades físicas e há até treinamento com peso.
Uma das questões mais graves é a exposição à radiação solar. O período em que eles ficarão por lá é menor do que outros já estiveram, porém, pode aumentar o risco de atrofia muscular e câncer.
Outros problemas recorrentes de astronautas que ficam um tempo no espaço, devido à falta de gravidade, são: alteração na visão, impacto no sistema cardiovascular, maior risco de pedras nos rins e perda de densidade óssea. Eles normalmente não são vistos logo que o cientista sai do espaço, mas aparecem ao longo dos anos.