O Ibovespa atingiu nova máxima histórica nesta segunda-feira (19), perdendo os 140 mil pontos, mas ainda acima dos 139 mil, após falas do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, sobre a taxa de juros. Já o dólar recuou na sessão, enquanto investidores também repercutem o rebaixamento da nota de crédito dos EUA na sexta-feira (16).
O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subiu 0,32% e atingiu mais uma recorde no fechamento, nos 139.636,41 – mais cedo, atingiu 140.203,04 no melhor momento. O número renova a máxima atingida na última quinta-feira (15), quando a bolsa alcançou os 139.334.
Já dólar à vista caiu 0,25%, a R$ 5,6549 na venda.
De acordo com analistas do BB Investimento, o rompimento de resistências históricas pelo Ibovespa e o comportamento das médias são consistentes com a continuidade da tendência de alta, mas a figura gráfica do último pregão e o IFR em zona de sobrecompra sugerem uma correção técnica.
“Ainda que dentro da tendência principal de alta”, afirmaram em relatório de análise técnica semanal do índice, acrescentando que, em alta, o Ibovespa deve perseguir a barreira dos 140 mil pontos. E caso corrija a rota, estimaram, o topo anterior de 137,6 mil operará como primeira linha de suporte.
Em Nova York, o S&P 500 também se afastava das mínimas, após ainda reagir mais cedo à decisão da Moody’s de cortar a nota de crédito dos EUA.
Contexto internacional
Os movimentos da moeda brasileira nesta sessão tinham como pano de fundo as perdas da divisa dos EUA e de ativos de maior risco no exterior, com investidores buscando ativos seguros após a decisão da Moody’s na sexta, gerando pressão sobre o real e seus pares emergentes.
A agência de classificação de risco rebaixou a nota de crédito da maior economia do mundo em um degrau, de “Aaa” para “Aa1”, citando dívida e juros crescentes, “que são significativamente mais altos do que os de soberanos com classificação semelhante”.
O corte ocorreu após um rebaixamento feito pela rival Fitch, que em agosto de 2023 também reduziu a classificação soberana norte-americana em um nível, citando a deterioração fiscal esperada e repetidas negociações urgentes sobre o teto da dívida.
A Standard & Poor’s rebaixou os EUA em 2011.
A percepção de investidores sobre a mudança é de que os prêmios de risco dos EUA tendem a ficar elevados, o que implica uma taxa de juros alta e rendimentos maiores para os Treasuries no médio e longo prazo, o que torna os títulos mais atraentes para recursos estrangeiros, afetando ativos mais arriscados.
“O downgrade da nota de crédito dos EUA está reverberando um pouco… naturalmente, o mercado vai pedir um pouco mais de prêmio pelo risco EUA e deve refletir nos Treasuries também”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
O rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 12 pontos-base, a 4,558%.
Em relação à divisa dos EUA, o movimento deste pregão implicava uma fuga em direção a outras moedas vistas como seguras, como o euro e, principalmente, o iene.
O índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,52%, a 100,240.
As incertezas comerciais continuam em foco, com os mercados à espera do anúncio de novos acordos comerciais dos EUA com seus parceiros, já que negociações seguem em andamento para conter as altas tarifas do presidente Donald Trump.
Cenário no Brasil
Na cena doméstica, o mercado avaliava dados sobre atividade econômica, com o Banco Central informando que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), avançou em março 0,8%, em resultado acima do esperado.
Mais cedo, analistas consultados pelo BC na pesquisa Focus voltaram a reduzir a estimativa para a inflação este ano, agora projetada em 5,50%, de 5,51% na semana anterior.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.