O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21) que a prisão do ministro Alexandre de Moraes foi cogitada no fim de 2022.
Segundo Baptista Jr., a sugestão surgiu durante um “brainstorming” que antecedia uma das reuniões entre integrantes da cúpula militar e representantes do governo Jair Bolsonaro (PL) na tentativa de encontrar saídas para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao ser perguntado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, se em alguma das reuniões em que ele participou foi levantado a hipótese de prisão de autoridades, o ex-comandante respondeu:
“Eu lembro bem que houve a seguinte discussão: ‘Vai prender o Alexandre de Moraes? Ok. Amanhã o STF concede um habeas corpus. E aí? Vamos prender os outros 11?’. Mas isso era um brainstorming, tentando encontrar uma saída”, afirmou.
O depoimento foi prestado no âmbito das investigações sobre uma possível tentativa de golpe de Estado. A oitiva foi realizada pela Primeira Turma do STF e durou cerca de 1 hora e 20 minutos.
Durante o depoimento, Baptista Jr. relatou ter participado de reuniões com conteúdo golpista, mas reforçou que sempre se posicionou contra qualquer iniciativa que violasse a Constituição.
O ex-comandante também reafirmou que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, ameaçou prender o ex-presidente Jair Bolsonaro caso ele tentasse levar adiante o plano golpista.
“Confirmo [a ameaça], sim, senhor. O general Freire Gomes é educado e não falou com agressividade ao presidente [Bolsonaro]. Foi isso que ele falou, com calma e tranquilidade: ‘Se você tentar isso, eu vou ter que lhe prender’. Foi isso que ele disse”, afirmou Batista Junior.
Ele disse ainda ter sido alvo de ataques nas redes sociais por parte de apoiadores de Bolsonaro por causa de sua postura institucional.
O militar foi indicado como testemunha tanto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto pelas defesas de Bolsonaro, do ex-comandante da Marinha Almir Garnier e do ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira.
A oitiva estava inicialmente marcada para segunda-feira (19), mas foi adiada após a defesa de Baptista Jr. alegar que ele estava fora do país.