No último final de semana, o ginásio José Corrêa em Barueri, foi palco de uma das finais mais esperadas da história recente do Jiu-Jitsu infantil. Protagonizada por dois jovens talentos, a luta entre Pietro Baseggio, da White House Jiu-Jitsu School (Manaus/AM), e Samurai Marat, da Art of Jiu-Jitsu (Costa Mesa, Califórnia), não apenas confirmou a expectativa técnica, mas também trouxe uma lição poderosa de respeito e maturidade esportiva para a comunidade do Jiu-Jitsu.
Antes mesmo do início do Campeonato Brasileiro Kids CBJJ/IBJJF 2025, os bastidores já
comentavam sobre essa possível final. Marat, vindo de uma das escolas mais respeitadas do
mundo a AOJ, dos irmãos Mendes, chegou, com uma sequência impressionante em torneios.
Do outro lado, Pietro, representando a escola amazonense que vem ganhando espaço no
cenário nacional, buscava seu bicampeonato após ficar fora do Brasileiro de 2024 por conta
de uma lesão.


A expectativa era alta, e Pietro soube lidar com ela com notável equilíbrio. Em entrevista ao Vanguarda do Norte, ele comentou: “Na verdade, eu e minha família ficamos surpresos com toda essa repercussão. Desde antes do campeonato já falavam muito sobre essa possível final, e nem entendíamos direito de onde tinha começado. Mas depois percebemos que, de certa forma, isso valorizou ainda mais o Brasileiro — quem ganhou foi o público. Eu segui tranquilo, focado nos treinos, fazendo o meu trabalho e com o objetivo muito claro: buscar o ouro, especialmente depois de ter ficado fora do campeonato no ano passado por conta de uma lesão.”
A luta foi tática, técnica e respeitosa do início ao fim. Pietro, conhecido por sua guarda afiada e inteligência estratégica, enfrentou a pressão de Marat com calma. Em momento decisivo, encaixou um triângulo preciso e conectou um ataque de braço que obrigou o adversário ao tap. Uma finalização limpa e impecável.


“Naquele momento, eu estava 100% concentrado na luta. Queria finalizar e encerrar logo. Nem pensei em título, nem em bicampeonato. Só depois que a luta terminou, quando a adrenalina baixou, é que fui entendendo o que tinha acontecido. A torcida estava vibrando, gritando muito… foi quando caiu a ficha. Foi um momento de muita emoção”, concluiu o jovem campeão.
A vitória de Pietro representou mais do que um título. Representou a consolidação de um trabalho coletivo em Manaus. A White House Jiu-Jitsu School levou apenas 31 atletas ao campeonato, mas conquistou um feito impressionante: 23 medalhas (12 ouros, 4 pratas e 7 bronzes), além da 9ª colocação no ranking geral (Overall) está entre as 10 melhores academias do Brasil, junto a gigantes do cenário mundial, como a própria AOJ.


Para o professor Diogo Dutra, um dos líderes da White House, o resultado foi consequência de um compromisso que vai além das medalhas: “Todos os nossos atletas estavam preparados. Cada um deles tinha condições reais de pódio. Mas mais importante que a vitória, é o tipo de atleta que o Pietro está se tornando. Foi colocada muita pressão nesta luta e ele respondeu bem, vamos seguir trabalhando.”
Essa filosofia também é refletida na forma como Pietro enxerga seus adversários. Quando perguntado sobre a relação com Marat e o impacto da luta, ele respondeu: “Com certeza. Eu já tinha enfrentado o Marat outras vezes, desde a faixa cinza, e sempre o tratei com muito respeito — isso nunca mudou. Não me vejo como rival dele, e sim como dois atletas que se dedicam muito ao que fazem. Tenho respeito por ele, pela academia dele, que sempre me recebeu muito bem. Somos crianças ainda, com uma longa jornada pela frente. Treinamos muito, e sabemos que uma vitória ou uma derrota não define ninguém. O que importa é a atitude — dentro e fora do tatame.”
A maturidade dessa resposta, vinda de um jovem atleta, é reflexo de um trabalho de base que une técnica, disciplina e princípios. A atuação de Pietro e a maneira como conduziu sua jornada até o título foi reconhecida por todos presentes e a comunidade do esporte. Não por acaso, a luta foi uma das mais ovacionadas do campeonato.


E não foi apenas a White House que brilhou. A Art of Jiu-Jitsu, com uma delegação semelhante em tamanho, também ficou entre as 10 melhores academias do evento, reafirmando a força do jiu-jítsu de base que está sendo construída fora do Brasil. Estas duas equipes mostraram que é possível fazer diferente, competir com garra, mas com respeito, vencer com mérito, mas sem arrogância. A final entre Pietro e Marat não foi apenas um espetáculo técnico. Foi um exemplo.
Para o público presente, ficou a sensação de que o futuro do Jiu-Jitsu competitivo está em
boas mãos. Se os líderes de projetos infantojuvenis mantiverem o foco no desenvolvimento
integral dos atletas como tem feito a White House e a AOJ, o esporte estará cada vez mais
próximo de seu potencial máximo, dentro e fora dos tatames.
O bicampeonato de Pietro Baseggio certamente será lembrado como um dos grandes
momentos do Brasileiro Kids 2025. Mas, talvez mais importante do que o ouro, tenha sido a
forma como esse título foi conquistado, com humildade, serenidade e respeito.
E é assim que os verdadeiros campeões começam sua história. Parabéns Pietro, Família e White House Jiu-jítsu School!