A Polícia Civil de São Paulo investiga um suposto desvio feito pela ex-atriz Suzy Camacho, de 64 anos, contra seu ex-marido, Farid Curi, que morreu em 2022 aos 85 anos. O inquérito foi concluído no dia 6 de junho e encaminhado para análise do Ministério Público.
Conforme a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), a mulher teria violado os artigos 102 e 107 do Estatuto do Idoso, que se referem a maus tratos e desvio de patrimônio.
A investigação concentra-se em apurar o possível aproveitamento da condição de saúde debilitada de Farid nos últimos anos de vida para realizar movimentações financeiras e patrimoniais em benefício de Suzy e de seus parentes.
O relatório final mostra que houve um crescimento patrimonial significativo e incompatível com a renda que a mulher declarava à Receita Federal. A investigação analisou transferências milionárias e compra de imóveis supervalorizados, totalizando o desvio de R$ 42.256.507,31.
Foi possível analisar esses dados bancários por meio do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) lavrado pelo COAF, que revelou um volume elevado de transações. Além disso, os filhos informaram um afastamento do pai, provocado por Suzy em 2020, quando ela também teria afastado a funcionária responsável por administrar a renda de Farid.Suzy passou a centralizar a administração financeira de Farid • Reprodução/Redes Sociais
Posteriormente, a gestão dos recursos foi assumida pelo seu irmão, Pompilio Camacho, que, segundo as investigações, passou a figurar como co-titular em uma conta originalmente vinculada a Farid.
A análise bancária apontou, por exemplo, um saque de cerca de R$ 1,29 milhão em dinheiro, além de transferências e empréstimos que ultrapassaram R$ 3 milhões para contas de titularidade exclusiva da suspeita.
Diante das evidências, a autoridade policial considerou a existem de indícios de que Susy possa ter se valido da condição clínica do companheiro para manipular indevidamente o seu patrimônio.
O que dizem os advogados
Segundo os advogados dos filhos do empresário, Rubens de Oliveira e Rodrigo Carneiro Maia, ao longo dos últimos 5 anos foram ouvidas diversas testemunhas que incluem médicos, cuidadores, peritos e familiares, e que todos os relatos apontaram as ilegalidades e abusos feitos ao Sr. Farid.
“A situação é tão grave a ponto de estar em vigor medida cautelar diversa da prisão. A família sempre confiou na justiça e aguarda a conclusão das investigações em andamento”, informou Rodrigo Carneiro à CNN.
O advogado de defesa da investigada, Luiz Flávio Borges D’Urso, disse em nota pública que, com a conclusão do inquérito, houve a violação do sigilo resguardado, uma vez que foram divulgados para a imprensa os dados relacionados a transferências financeiras atribuídas à ex-atriz.
Além disso, Borges D’Urso informou que o relatório final faz juízo de valor sobre provas e depoimentos colhidos, focando apenas em uma das partes, que seriam os filhos do Sr. Farid, “que travaram uma verdadeira guerra contra o pai e contra a minha cliente”. Ele garantiu que após anos de investigação, há provas robustas que provam a inocência da mulher.
O advogado ainda defendeu que o relatório desconsiderou muitas informações que foram produzidas pela defesa da acusada nos anos de investigação, construindo uma narrativa contrária a Suzy Camacho ao descrever os depoimentos dos filhos do empresário. Ele ressaltou que a acusação feita pelos filhos é mentirosa e sem fundamento, sendo procedente de uma disputa financeira provocada por eles.
“Faltou dizer que os filhos receberam por doação do pai aproximadamente R$ 300.000.000,00 e depois processaram o pai, para impedi-lo de movimentar R$ 10 milhões de reais”, informou. Ele diz que a acusação de que Suzy teria afastado os filhos do pai não é verdadeira, já que o rompimento do contato se deu pela consciência, por parte de Farid, de que o processo era fruto “de uma desmedida ganância”.
“O Relatório Final é peça de ficção científica, tem conteúdo sigiloso que foi vazado, tem conteúdo ilegal, pois cita informações do COAF obtidas sem autorização judicial, faz indevido juízo de valor invadindo competência do Ministério Público e é parcial, pois traz somente a narrativa dos filhos”, finaliza Luiz.
*Sob supervisão de Carolina Figueiredo