A presença das Forças Armadas na Amazônia nunca foi apenas uma operação militar. Sempre foi — e cada vez mais precisa ser — um projeto de Estado, de Nação e de futuro. Em tempos de instabilidade geopolítica, mudança climática e pressão internacional sobre os biomas tropicais, o Comando Militar da Amazônia (CMA) reafirma seu papel como guardião não apenas das fronteiras físicas, mas também das fronteiras do conhecimento, da presença institucional e da soberania cidadã.
Logística, tecnologia e inteligência
Sob a liderança do General Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves, o CMA tem demonstrado que logística, tecnologia e inteligência são instrumentos tão estratégicos quanto a força armada. A recente matéria publicada no Jornal do Commercio (5 a 7 de julho de 2025), destacando “A arte da logística militar na Amazônia”, ilustra bem o nível de sofisticação operacional de uma estrutura que, mesmo enfrentando carências históricas de infraestrutura civil, atua em mais de 2 milhões de quilômetros quadrados — o equivalente a quase 25% do território brasileiro.
Apoio às populações vulneráveis
A Amazônia é uma região onde o tempo, o clima e a geografia impõem limites à ação tradicional do Estado. É por isso que as Forças Armadas se tornaram, em muitos casos, a única presença concreta da União em áreas remotas, onde vivem populações vulneráveis que, não raro, dependem de missões de saúde, transporte de medicamentos e apoio logístico realizado por militares.
Defesa se alia à ciência
Mas o que mais impressiona, e nos enche de orgulho, é que essa presença se reinventa. O Instituto de Pesquisas do Exército na Amazônia (IPEAM), recentemente inaugurado em Manaus, representa uma inflexão histórica: a defesa se alia à ciência, e a segurança se entrelaça à inovação. O IPEAM, vinculado ao Instituto Militar de Engenharia (IME), nasce com a missão de pesquisar temas críticos para a Amazônia, como geointeligência, ciberdefesa, comunicação em selva, tecnologias embarcadas, inteligência artificial e vigilância territorial — com aplicações tanto militares quanto civis.
Diplomacia da paz
Essa visão de uma indústria de defesa integrada à inovação e ao desenvolvimento regional está em perfeita consonância com os princípios da chamada diplomacia da paz, que reconhece o papel estratégico da Amazônia, não como uma arena de conflito, mas como um território de soluções para o mundo. Soluções essas que exigem soberania tecnológica, controle territorial, cooperação internacional e valorização do saber local.
4% do PIB – Defesa e Segurança
Segundo dados do Ministério da Defesa, a cadeia produtiva de defesa e segurança no Brasil movimenta cerca de 4% do PIB nacional, gerando empregos de alta qualificação e investindo continuamente em pesquisa e desenvolvimento. Ao trazer esse modelo para a Amazônia — uma região ainda marcada por profundas desigualdades — estamos não apenas fortalecendo a soberania nacional, mas criando novas possibilidades de geração de conhecimento, renda e protagonismo amazônico no século XXI.
Redes de solidariedade
É preciso reconhecer e valorizar o trabalho silencioso, estratégico e comprometido do CMA e das demais forças que operam na região. Mais do que guarnecer fronteiras, elas cultivam confiança, operam redes de solidariedade, estruturam capacidades logísticas e agora, com o IPEAM, semearão conhecimento de base amazônica com reconhecimento internacional.
Novo pacto nacional
O Exército Brasileiro, ao renovar sua presença na Amazônia com inteligência e inovação, aponta o caminho para um novo pacto nacional: um país que respeita a floresta, protege seu povo e aposta na ciência como força de paz.
Nelson é economista, empresário e presidente do SIMMMEM. Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalmecânica e de Material Elétrico de Manaus, conselheiro do CIEAM e da CNI e vice-presidente da FIEAM.