O rei Charles III recebeu o presidente da França, Emmanuel Macron, no Reino Unido, nesta terça-feira (8), para a primeira visita de Estado de um líder europeu desde o Brexit.
A reunião simboliza o retorno de laços mais estreitos entre os dois países.
Macron, que está fazendo a visita de Estado ao Reino Unido pela primeira vez, desfruta de uma forte relação pessoal com o rei, e houve sorrisos quando ambos se encontraram ao lado das esposas Brigitte e rainha Camilla, sob a proteção de soldados a cavalo, em uniformes cerimoniais.
Espera-se que Charles enfatize em um discurso mais tarde em um castelo “a multiplicidade de ameaças complexas” que ambos os países enfrentam, enquanto Macron postou na rede social X em sua chegada que “há tanto que podemos construir juntos”.
Acompanhado pelo herdeiro do trono, o príncipe William, e a esposa, a princesa Kate Middleton, o grupo subiu em várias carruagens puxadas por cavalos para uma procissão em Windsor, na Inglaterra, que terminou no pátio do castelo medieval, a oeste de Londres.
Desde a eleição do primeiro-ministro Keir Starmer no ano passado, o Reino Unido vem tentando reatar laços com aliados europeus, e Charles quer contribuir para definir o tom da visita antes do início das negociações políticas.
“Nossas duas nações compartilham não apenas valores, mas também a determinação incansável de aplicá-los no mundo”, deve dizer o monarca de 76 anos, ainda em tratamento contra o câncer, durante o discurso.
Enquanto a viagem de Macron é repleta de reuniões sobre questões econômicas e relações exteriores, o primeiro dia da visita de Estado, que ocorre 16 anos após a rainha Elizabeth receber o então presidente francês Nicolas Sarkozy, é amplamente focado em luxo e carregado de simbolismo.
Antes de seguir para Londres na tarde desta terça-feira (8) para discursar no Parlamento, o presidente francês se juntou ao rei para inspecionar a Guarda de Honra. Ele também deveria almoçar com a família real e visitar a Coleção Real, pinturas e móveis acumulados pelos Windsor ao longo dos séculos.
O olho direito do monarca estava visivelmente vermelho quando ele se encontrou com Macron. Uma fonte do Palácio de Buckingham disse que Charles sofreu um rompimento de vaso sanguíneo no olho, sem relação com qualquer outro problema de saúde.
O dia terminará com um jantar de Estado no Castelo de Windsor, incluindo discursos dos dois líderes para cerca de 150 convidados.
“É maravilhoso que estejamos trilhando o caminho de receber líderes europeus mais uma vez”, destacou Alastair King, prefeito da cidade de Londres, à Reuters. Ele acrescentou que oferecerá um banquete em homenagem a Macron na próxima quarta-feira (9).
Acordos entre nações
Mais adiante na viagem, as discussões entre Emmanuel Macron e Keir Starmer se concentrarão em uma série de questões, incluindo como impedir o tráfico de pessoas e melhorar os laços econômicos e de defesa.
Isso acontece em um momento em que os Estados Unidos estão se afastando do papel tradicional de defensores da segurança europeia.
Embora tenha havido tensões sobre como os laços pós-Brexit se desenrolariam e como impedir que requerentes de asilo cruzassem o Canal da Mancha em pequenas embarcações, o Reino Unido e a França têm trabalhado em estreita colaboração para criar uma força militar planejada para apoiar a Ucrânia em caso de cessar-fogo com a Rússia.
As autoridades britânicas esperam que o presidente francês concorde com um projeto-piloto de um acordo de retorno de requerentes de asilo.
Isso envolveria a deportação de uma pessoa para Paris, em troca de outro com um caso legítimo no Reino Unido, interrompendo assim o modelo de negócios das gangues de tráfico de pessoas.
Um número recorde de requerentes de asilo chegou ao Reino Unido em pequenas embarcações vindas da França nos primeiros seis meses deste ano.
Starmer, atrás do partido insurgente de direita Reform UK, de Nigel Farage, nas pesquisas, está sob pressão para encontrar uma solução.
Paris já se recusou a assinar tal acordo, afirmando que o Reino Unido deveria negociar um acordo com todos os países da UE.