Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) avaliam que o governo demorou a se posicionar na crise com os Estados Unidos, deixando a situação chegar a um “ponto de ebulição”.
A expectativa por um pronunciamento público do Palácio do Itamaraty vinha desde maio, quando o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, admitiu “grande possibilidade” de aplicar sanções ao ministro Alexandre de Moraes.
Nos bastidores da Corte, a leitura é de que a gravidade das ameaças já justificaria, desde lá, uma manifestação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A diplomacia, no entanto, optou pela cautela.
Reservadamente, um magistrado disse que essa postura “cobrou literalmente seu preço” – uma referência à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifa de 50% a produtos brasileiros.
Mesmo depois da medida anunciada por Trump, auxiliares do chanceler seguem adotando prudência e defendem “cabeça fria” para lidar com o caso – como as tarifas só entrarão em vigor em agosto, haveria tempo para avançar na busca negociada por uma solução.

Na quarta (9), em conversa por telefone, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alinharam que a resposta caberia ao governo federal e que o tribunal, mesmo sendo alvo principal das críticas de Trump, não se manifestaria.
Lula divulgou uma nota em que fala que “o Brasil é um país soberano com instituições independentes e que não aceitará ser tutelado por ninguém”. Também diz que qualquer aumento unilateral de tarifas será respondido à luz da lei da reciprocidade econômica.
Em relação ao STF, o presidente disse que o processo sobre o golpe de Estado, cujo principal réu é o ex-presidente Jair Bolsonaro, é de competência da Corte – “portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça”.