O dólar registrou queda de quase 1% ante o real nesta sexta-feira (1º), conforme os investidores avaliavam as novas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e analisavam dados da maior economia do mundo.
A divisa norte-americana à vista caiu 0,98%, cotada em R$ 5,5453 na venda. O marco representou baixa acumulada de 0,3% na semana.
Já a cotação do Ibovespa, principal referência do mercado financeiro, após um problema técnico na abertura, fechou o dia em baixa de 0,48%, aos 132.437,39 pontos, baixa de 0,8% na semana.
Dados de emprego dos EUA
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo o forte declínio da divisa norte-americana no exterior depois que dados do governo dos EUA mostraram que foram abertos 73 mil postos de trabalho em julho, abaixo das 110 mil vagas projetadas em pesquisa da Reuters.
Em outro sinal ainda mais nítido de desaceleração do mercado de trabalho, o número para junho foi revisado de forma acentuada, mostrando agora apenas 14 mil empregos criados no mês, bem abaixo dos 147 mil postos de trabalho relatados anteriormente.
A taxa de desemprego, por sua vez, subiu para 4,2%, de 4,1% em junho, e em linha com a expectativa de analistas.
Os resultados elevavam as expectativas de operadores pela retomada dos cortes da taxa de juros pelo banco central dos EUA já em setembro, quando ocorrerá o próximo encontro das autoridades monetárias.
Agora, operadores precificam mais de 90% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual em setembro, abaixo do pouco mais de 50% antes dos dados.
A mudança acentuada ainda é justificada pelo fato de que nesta semana, após a decisão do Fed de manter a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, sem dar indicações sobre perspectiva de corte em setembro, e de dados fortes para o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre, os mercados vinham tirando as apostas no afrouxamento monetário pelo Fed.
“Até as 9h30 (horário que os dados foram divulgados), a interpretação da maior parte dos investidores e analistas era que os dados norte-americanos continuavam muito resilientes”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
“Então a reação nesse momento é de fraqueza do dólar porque cria-se preocupação sobre a saúde, a vitalidade, o vigor da economia dos EUA. Também se antecipa a possibilidade de mais cortes de juros por conta de uma economia mais fraca e aí dificulta a atração de investimentos”, acrescentou Mattos.
O índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 1,08%, a 98,947.
Tarifas
Tanto no cenário externo quanto doméstico, o foco dos investidores também está parcialmente voltado para o comércio, com a chegada do prazo nesta sexta-feira que o presidente Donald Trump havia estabelecido para negociações comerciais.
Trump impôs na quinta-feira tarifas mais elevadas, de 10% a 41%, para 69 parceiros comerciais.
O mercado nacional segue de olho na resposta brasileira à imposição de tarifa de 50% sobre o Brasil, mesmo que os EUA tenham excluído itens de vários setores, como suco de laranja, energia e aeronaves, da taxação maior.