O julgamento do policial militar Henrique Octávio de Oliveira Velozo, acusado de matar Leandro Lo, lutador de jiu-jitsu oito vezes campeão mundial, foi adiado para novembro. A decisão foi tomada após um desentendimento durante a audiência desta terça-feira (5), no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona Oeste de São Paulo.
Segundo o TJSP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), as partes envolvidas no caso se desentenderam, o que “impediu a continuidade dos trabalhos”. Ainda de acordo com o órgão, o júri foi dissolvido e um novo julgamento será realizado no dia 12 de novembro, às 10h.
A previsão para o processo desta terça (5) era de que o júri popular teria dois dias de duração. Além do interrogatório de Henrique, outras 11 testemunhas haviam sido convocadas para serem ouvidas. O juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri, era o responsável por condena ou absolver Henrique.
O caso de Leandro Lo ocorreu em agosto de 2022, quando o atleta foi baleado na cabeça durante um show no Clube Sírio, na zona sul de São Paulo. Desde então, Velozo está preso preventivamente.
A CNN tenta contato com a defesa de Henrique e com os representantes legais de Leandro Lo.
PM “demitido” da corporação
Há dois meses, o policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, acusado de matar o lutador de jiu-jitsu Leandro Lo com um tiro na cabeça, foi demitido da corporação.
A decisão foi tomada pelo Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo (TJMSP) durante o julgamento do PM Henrique realizado no dia 18 de junho.
“Os sete desembargadores militares votaram favoravelmente à perda do posto e da patente no processo especial iniciado no Comando Geral da Polícia Militar e encaminhado à Secretaria da Segurança Pública, após o cometimento de condutas consideradas graves infrações disciplinares, classificadas como desonrosas e incompatíveis com a função policial-militar, além de atentatórias à instituição, ao Estado e aos direitos humanos fundamentais”, diz nota oficial do TJMSP.
Veja comunicado na íntegra:
“Em sessão realizada na tarde desta quarta-feira (18), o Pleno do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo (TJMSP) decretou, por unanimidade, a incompatibilidade do tenente da Polícia Militar Henrique Otávio Veloso para o exercício de suas funções, considerando procedente o Conselho de Justificação ao qual foi submetido.
Os fatos geradores ocorreram em 7 de agosto de 2022, durante um show musical em um clube na zona sul da capital paulista. Na ocasião, o tenente, que estava de folga e em trajes civis, teria se envolvido em uma discussão e efetuado um disparo de arma de fogo contra o civil Leandro Lô Pereira do Nascimento. A vítima foi atingida na cabeça e não resistiu aos ferimentos.
Por se tratar de crime doloso contra a vida, o julgamento do homicídio será realizado pela Justiça Comum, com audiência marcada para o dia 5 de agosto. Já o processo competente à Justiça Militar, voltado à avaliação da permanência do oficial nos quadros da corporação, destacou-se por sua celeridade, tendo início em 24 de abril deste ano e concluído nesta quarta-feira, com apenas 74 dias de tramitação.”
Henrique teve um outro julgamento, que estava marcado para o dia 22 e 23 de maio, suspenso. Na ocasião, os advogados do suspeito alegaram que o juiz prejudicou o direito de defesa, pois três dias antes do julgamento, o mesmo não quis ouvir os depoimentos dos peritos particulares, alegando que os pareceres escritos já eram suficientes.
Entenda a morte de Leandro Lo
Segundo as investigações policiais, Leandro Lo se envolveu em uma discussão no clube. Em um primeiro momento, o lutador teria derrubado o policial militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, que o teria provocado.
Velozo, então, teria se retirado do local e retornado armado, efetuando um disparo fatal na cabeça do atleta. Após o disparo, o policial ainda teria chutado Lo duas vezes, mesmo com o lutador já desacordado no chão, antes de deixar o local.
Henrique Velozo se apresentou à Corregedoria da Polícia Militar no dia seguinte ao crime e foi conduzido à delegacia para prestar depoimento. A Justiça decretou sua prisão temporária, que posteriormente foi convertida em preventiva. O PM foi indiciado por homicídio por motivo fútil, e o caso segue sob investigação do 16° DP, na Vila Clementino.
Apesar de estar detido preventivamente, o policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo continua recebendo seu salário de tenente da PM. Em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo de São Paulo retomasse o pagamento do soldo mensal ao policial, sob o entendimento de que a suspensão da remuneração só seria legal após uma condenação com trânsito em julgado.
A defesa do policial militar, o advogado Claudio Dalledone, se manifestou sobre o caso.