A Semana do Economista deste ano, celebrada pela Assembleia Legislativa do Amazonas, acontece em um momento decisivo. O Brasil se prepara para sediar a COP 30, em novembro, em Belém, e os olhos do mundo voltarão-se para a Amazônia. Nesse cenário, o Amazonas tem diante de si uma responsabilidade histórica: demonstrar que é capaz de conciliar desenvolvimento econômico, justiça social e proteção da floresta.
O Amazonas não pode errar. E o risco de reputação é real. O último levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostrou que o estado, até então referência na preservação da floresta em pé, cedeu espaço para o avanço do desmatamento. Esse retrocesso não é apenas lastimável, é um equívoco estratégico. Manchar a imagem do estado no exato momento em que o planeta inteiro nos observa pode comprometer décadas de construção de credibilidade.
O Polo Industrial como vitrine da economia da legalidade
O Polo Industrial de Manaus (PIM) é a vitrine de um modelo econômico que já funciona e que precisa ser valorizado. Ele responde por 30% de toda a economia da Região Norte, gerando empregos, arrecadação e desenvolvimento em larga escala. É também a maior alternativa concreta à economia ilegal, concorrendo diretamente com o narcotráfico, o contrabando de madeira e os mercados informais que avançam sobre a floresta.
Mais do que números, o PIM simboliza uma escolha: a economia da legalidade contra a economia da destruição.
Educação e tecnologia como legado da indústria
Graças à Zona Franca, o Amazonas tem a maior universidade multicampi do Brasil, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), financiada integralmente pelos recursos da indústria incentivada. O modelo sustenta também programas de startups de bioeconomia e tecnologia da informação e comunicação (TIC), que projetam Manaus no topo do ranking nacional em intensidade tecnológica.
Isso significa que o Amazonas não é apenas guardião da maior floresta tropical do planeta — é também um celeiro de conhecimento e inovação, capaz de pensar e produzir soluções para o futuro.
A floresta como infraestrutura natural do Brasil e do continente
A economia da floresta em pé não é um discurso abstrato. Cada árvore é uma usina de água, bombeando umidade que se transforma nos rios voadores, verdadeiras correntes atmosféricas que abastecem:
• a agricultura do Centro-Oeste,
• os reservatórios do Sudeste, responsáveis pela energia elétrica e pelo abastecimento das metrópoles,
• e até países vizinhos, como a Argentina, que também usufruem dos serviços ambientais gerados pela Amazônia.
Ao proteger a floresta, o PIM assegura a base natural da economia brasileira e continental.
O chamado para o pacto amazônico
O Brasil apresentará à COP 30 sua narrativa sobre a Amazônia. Essa narrativa só terá legitimidade se for ancorada em exemplos concretos. O Polo Industrial de Manaus é um deles: uma economia legal, sustentável e tecnologicamente avançada que mantém a floresta de pé e financia ciência, educação e inovação.
Por isso, o pacto amazônico precisa ser mais do que uma promessa política. Precisa ser uma estratégia de soberania e reputação, na qual o Amazonas não pode cometer o erro de se associar às estatísticas do desmatamento. O custo reputacional seria incalculável, justamente quando mais precisamos demonstrar ao mundo que temos um modelo próprio e viável de desenvolvimento sustentável.
Momento de escolhas vitais
A escolha está posta: seguir o caminho da legalidade, da indústria sustentável e da floresta em pé, ou deixar que o desmatamento comprometa nossa imagem e fortaleça a economia da destruição.
Na Semana do Economista, diante dos deputados estaduais e da sociedade amazonense, é hora de reafirmar: o Amazonas não pode falhar.
Nelson é economista, empresário e presidente do SIMMMEM, Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e da CNI e vice-presidente da FIEAM.