Interlocutores dos grandes bancos do país buscaram nesta terça-feira (19) ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em busca de entender a decisão do ministro Flavio Dino que determinou que normas estrangeiras só terão validade no país após serem homologadas pela Corte.
Segundo um integrante de um banco, os ministros Gilmar Mendes e Cristiano Zanin foram procurados. Ambos são considerados bons interlocutores do sistema financeiro e com uma visão mais pragmática e menos ideológica como a que consideram Dino ter sobre o sistema financeiro brasileiro.
Os relatos são de que a interlocução do magistrado com os bancos é pequena.
Representantes do setor querem compreender se terão que cumprir a decisão de Dino e, principalmente, apontar as dificuldades de que ela seja cumprida, tendo em vista que boa parte dos bancos brasileiros têm clientes e ativos nos Estados Unidos.
A leitura entre integrantes do setor é que, para os bancos, é difícil não atender a Lei Magnistky, o que ajuda a entender as perdas que os bancos tiveram hoje na bolsa de valores, calculadas em R$ 41 bilhões.
No setor, há inclusive a leitura de que Dino poderia ter lançado a decisão para testar suas consequências e até onde poderia ir para entrar neste debate, uma vez que a decisão dele se deu dentro de uma ação que não se relaciona com a Lei Magntitsky.
O relator natural do caso é Zanin, que acompanha um pedido do PT para que seja verificada o alcance da lei sobre autoridades brasileiras. Por esse motivo, segundo fontes próximas ao STF, a decisão de Dino gerou mal-estar no tribunal.
Entre interlocutores dos bancos há, ainda, a suspeita de que Dino poderia estar abrindo uma nova frente para o presidente Lula se contrapor aos bancos, um alvo histórico de suas críticas.
Por essa interpretação, Lula, que aposta no embate com Donald Trump para recuperar sua popularidade, poderia ter agora, à frente, também um novo front com o sistema financeiro, reforçando seu papel de embate contra poderosos.