O presidente do Nepal nomeou na sexta-feira (12) a ex-presidente do Supremo Tribunal, Sushila Karki, como primeira-ministra interina, informou a Associated Press, após protestos violentos que derrubaram a liderança sênior da nação do Himalaia nesta semana.
Karki deve tomar posse ainda nesta sexta-feira, disse a agência de notícias, citando um anúncio do porta-voz do presidente Ram Chandra Poudel, Kiran Pokhrel. Karki se tornará a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do país.
A nomeação representa uma ruptura com o establishment político tradicional, sinalizando um esforço para apaziguar os jovens manifestantes que exigem o fim da corrupção enraizada.
O Nepal enfrenta sua crise política mais grave em décadas, com protestos liderados pela geração Z — principalmente adolescentes e jovens adultos — que tomaram as ruas após o governo impor uma proibição abrupta a plataformas populares de redes sociais. A rápida revogação da proibição não conseguiu conter os protestos, que evoluíram para manifestações violentas, deixando centenas de feridos e vários prédios governamentais incendiados. Pelo menos 51 pessoas foram mortas, informou a agência AFP na sexta-feira, citando a polícia local.
Mais de 12.500 presos — incluindo cidadãos indianos — continuam foragidos após fugirem de prisões em todo o Nepal, segundo a AFP.
Após a renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli na terça-feira (9), o Exército nepalês mobilizou tropas em Katmandu para conter os protestos. Embora as tensões permaneçam altas, alguns sinais de normalidade começam a retornar às ruas.
A nação do Himalaia é a mais recente na região do Sul da Ásia a ser abalada por protestos violentos contra o governo, impulsionados principalmente por jovens. No ano passado, manifestações em Bangladesh culminaram na saída da líder de longa data Sheikh Hasina, enquanto em 2022 o governo do Sri Lanka também caiu em meio a agitação popular.
Embora os protestos no Nepal tenham sido desencadeados pelas restrições às redes sociais, eles também refletem a frustração dos jovens com o desemprego e a desigualdade. Termos como “nepo kids” têm sido amplamente usados nas redes sociais para descrever de forma crítica os filhos da elite que ostentam sua riqueza.
Mais de 20% dos 30 milhões de habitantes do país vivem na pobreza, segundo o Banco Mundial, enquanto os dados oficiais mais recentes estimam o desemprego juvenil em 22%.