O presidente americano, Donald Trump, comemorou a suspensão do programa do apresentador Jimmy Kimmel da emissora ABC em mais um ataque de seu governo contra a mídia americana.
A atração foi suspensa por tempo indeterminado após forte pressão da Casa Branca por conta de comentários de Kimmel sobre o assassinato de Charlie Kirk.
O apresentador disse que o movimento MAGA (Make America Great Again) tentava tirar proveito político do caso em meio ao momento de luto.
Brendan Carr, presidente da Comissão Federal de Comunicações, ameaçou caçar licenças de afiliadas da ABC, caso a emissora não punisse Kimmel.
“Mas, francamente, quando você vê coisas assim, quero dizer, olha, podemos fazer isso do jeito fácil, ou do jeito difícil”, disse Carr em um podcast.
Democratas classificaram o movimento como um ataque à Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos. Já Trump negou que isso seja um cerceamento da liberdade de expressão.
“Ele tinha péssimos índices de audiência… Então, você pode chamar isso de liberdade de expressão ou não. Ele foi demitido por falta de talento”, afirmou Trump em uma entrevista coletiva.
Histórico de ataques
Essa não é a primeira vez que o republicano pressiona por mudanças em empresas de mídias por não concordar com conteúdos veiculados.
Nesta segunda (16), o presidente americano processou o The New York Times alegando difamação e acusando o veículo de ser “um portal informal do Partido Democrata”. Ele pediu uma indenização de US$ 15 bilhões de dólares ao veículo.
O jornal se defende dizendo que o processo não tem fundamento e apenas busca sufocar e desencorajar o jornalismo.
Em 18 de julho, Trump também entrou nos tribunais contra o Wall Street Journal, Rupert Murdoch, após a publicação de uma reportagem que atribuía ao republicano uma mensagem de aniversário com um desenho erótico ao empresário Jeffrey Epstein, acusado de tráfico sexual.
No mesmo dia, a Casa Branca já tinha comemorado o cancelamento do The Late Show, do comediante, Stephen Colbert, crítico de Trump.
Poucas semanas antes, a Paramount – controladora da CBS – tinha fechado um acordo judicial com Trump e, depois de encerrar o programa, a emissora teve a sua polêmica fusão com a Skydance aprovada pelo governo.
Em maio, Trump cortou financiamento dos veículos públicos NPR e PBS, alegando que eles fazem uma cobertura enviesada das ações do governo. As empresas dizem que o corte causa um impacto devastador, interrompendo serviços essenciais de mídia.
A instituição Repórteres Sem Fronteiras (RSF) trata como “preocupante” a situação da liberdade de imprensa nos Estados Unidos e alerta para uma deterioração neste aspecto. O grupo trata esse movimento como uma indicação de uma “guinada autoritária” no governo Trump.