A ex-deputada federal Flordelis, de 65 anos, sofreu um princípio de Acidente Vascular Cerebral (AVC) dentro da Penitenciária Talavera Bruce, no Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio. O episódio ocorreu nesta quinta-feira, quando ela desmaiou, tendo sido levada para a UPA do próprio complexo. Após ser estabilizada, retornou à cela sem acompanhamento contínuo. Segundo a defesa, a direção da unidade já admitiu que não possui condições de cuidar da pastora.
Flordelis foi condenada a 50 anos de prisão por ser apontada como mandante do assassinato do marido, o também pastor Anderson do Carmo, morto em 2019. Além dela, dois filhos biológicos também cumprem pena pelo mesmo crime: Simone dos Santos Rodrigues e Flávio dos Santos Rodrigues.
A advogada da ex-deputada, Janira Rocha, afirma que vai ingressar nesta sexta-feira com um pedido na Vara de Execuções Penais para que Flordelis seja internada em um hospital particular urgentemente. A pastora possui plano de saúde e, ainda segundo a defesa, precisa de acompanhamento fora do sistema prisional.
“Flordelis saiu da UPA ainda passando mal, com fortes dores de cabeça, vomitando e falando com a língua enrolada. Como é que dão alta para uma mulher nesse estado?”, questionou Janira. “A própria unidade já avisou que não tem recursos para tratá-la. Vão esperar que ela morra para tirá-la de lá?”, completou.
O AVC, conhecido popularmente como derrame cerebral, acontece quando há uma interrupção ou redução brusca do fluxo de sangue no cérebro, provocando falta de oxigênio e morte de células nervosas. Os sintomas relatados por familiares e advogados de Flordelis incluem desmaios, convulsões, vômitos, fala enrolada e língua travada, sinais que podem indicar comprometimento neurológico.
Durante visita no último domingo, o namorado de Flordelis, Allan Soares, e a amiga Paula Barros acompanharam de perto o quadro delicado. Ela estava deitada, debilitada, com a fala prejudicada e episódios de vômito. Em determinado momento, teria convulsionado diante deles. “Se não fizerem alguma coisa rapidamente, Flordelis vai morrer na penitenciária”, disse Allan ao blog.
Segundo a defesa, Flordelis depende diariamente de uma combinação pesada de medicamentos. Entre eles estão o Alprazolam, usado para controlar crises de ansiedade e insônia; a Quetiapina, indicada em casos de depressão e transtornos psiquiátricos; a Bupropiona, que atua contra episódios depressivos e oscilações de humor; e a Carbamazepina, utilizada no controle de convulsões.
Não é a primeira vez que Flordelis alerta para sua saúde. Em fevereiro deste ano, ela enviou uma carta na qual afirmava estar adoecendo na prisão. “Estou tendo desmaios, dores fortes, minha saúde está se deteriorando a cada dia. Sinto que estou morrendo aqui dentro”, escreveu. O documento, que chegou à Justiça por meio da defesa, também já citava uma suposta insuficiência do atendimento médico no presídio. Procurada pelo blog, a Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) não se manifestou.
Além do AVC, Flordelis sofre de depressão e crises de ansiedade. Ela já havia registrado episódios de convulsões em outras ocasiões e usa medicamentos tarja preta para conter oscilações emocionais. Para a defesa, a soma desses fatores torna ainda mais urgente a transferência para uma unidade hospitalar capaz de oferecer suporte adequado.
Defesa nega relacionamento com outra presa
A advogada também rebateu os boatos sobre um suposto relacionamento de Flordelis com outra presa. Segundo ela, a ex-deputada retomou o namoro com Allan Soares, que está devidamente credenciado e a visita com frequência. Ele, inclusive, estava presente na visita em que Flordelis passou mal.
“Já é a segunda vez que surge essa conversa mentirosa de que a Flordelis se envolveu com alguma mulher dentro da cadeia. Isso não é verdade”, rebateu Janira.
Para rebater o boato sobre o relacionamento lésbico da ex-deputada, Allan, que é produtor musical e aspirante a pastor, confirmou que eles reataram e estão noivos novamente. Ele vai ao presídio regularmente, embora não mantenham visitas íntimas devido à fragilidade de saúde dela.