A Operação Vila do Conde, deflagrada pela FICCO-SP (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em São Paulo) nesta terça-feira (23), visa desarticular um esquema de tráfico transnacional e internacional de drogas, além de lavagem de dinheiro ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
A operação de hoje tem como objetivo cumprir 22 mandados de prisão e 40 de busca e apreensão. Mandados são cumpridos inclusive na sede da Império de Casa Verde, na zona Norte de São Paulo.
Entre os alvos está Alexandre Constantino Furtado, presidente da Império de Casa Verde e vice-presidente da Liga-SP (Liga das Escolas de Samba de São Paulo), suspeito de integrar um complexo esquema de lavagem de dinheiro que usou doleiros para ocultar bens e mais de R$ 290 milhões em lucros, investindo o “dinheiro limpo” em segmentos formais.Play Video
A investigação começou com a apreensão de 458 kg de cocaína em 2021 no Porto de Vila do Conde (PA), destinada ao Porto de Rotterdam, na Europa. Segundo apuração, Alexandre é suspeito de negociar diretamente o envio de drogas para a Europa.
A escola de samba funcionava como um escritório para ele, onde recebia “clientes” e contatos. Porém, segundo a investigação, embora Alexandre tenha investido financeiramente na escola, não foi identificada nenhuma ação de lavagem de dinheiro vinculada à instituição.
Entenda como funcionava esquema

Origem e logística da droga no Brasil
Segundo a investigação, o esquema começa com a logística de transporte da droga dentro do Brasil. A droga tem sua origem em duas regiões indicadas no mapa do Brasil: Sorocaba (SP) e Belém (PA). Essas áreas são pontos de coleta ou passagem para o material ilícito.
Um grupo de logística, ligado aos chefes da organização, é responsável por coordenar a movimentação da droga do interior do país, que sai de Sorocaba (SP), passa por Belém (PA) e culmina no envio da droga para o Porto de Vila do Conde, localizado em Barcarena, Pará.
A rota internacional
No Porto de Vila do Conde, a droga era carregada em um navio e preparada para o transporte marítimo transatlântico. O destino final da droga, conforme indicado no infográfico, é a Europa. Por lá, a droga seria recebida pelos receptadores, que são os elos finais da cadeia de distribuição no mercado internacional.
O fluxo do dinheiro e a lavagem
Paralelamente ao tráfico da droga, a imagem detalha a sofisticada dinâmica financeira. Um doleiro atua como o intermediário inicial do dinheiro. Ele recebe fundos ilícitos e os repassa, de alguma forma, ao PCC.
O PCC, além de orquestrar a logística da droga, são os beneficiários do lucro. Para “limpar” esse dinheiro sujo, eles utilizam um complexo esquema de lavagem de Dinheiro.
Nesse processo, um contador desempenha um papel crucial. Ele é responsável por integrar o dinheiro ilícito no sistema financeiro legal. O dinheiro é movimentado e investido em ativos lícitos, tornando sua origem difícil de rastrear.
A Operação Vila do Conde mira desarticular não apenas a rota da droga, mas também o intrincado esquema financeiro que sustenta a organização, desde o recebimento do dinheiro do tráfico até a sua ocultação e reintrodução no sistema financeiro legal por meio da lavagem de dinheiro.
A imprensa tenta contato com a defesa de Alexandre, com a Império de Casa Verde e com a Liga-SP para um posicionamento, e aguarda resposta.