O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, abriu nesta terça-feira (23) a 80ª Assembleia Geral, em Nova York, com um discurso de forte tom de alerta sobre o risco de erosão das bases do sistema internacional.
“Que tipo de mundo nós escolhemos? Um mundo de puro poder ou um mundo de leis? Um mundo em que as nações se juntam ou um mundo em que cada um faz o que quer?”, questionou.
Segundo Guterres, os “pilares da paz e do progresso” estão ruindo sob o peso da impunidade, da desigualdade e da indiferença. Ele afirmou que países soberanos usam a fome como arma de guerra e que a violação das regras internacionais se tornou recorrente.
“A impunidade é a mãe do caos. E ela traz alguns dos conflitos mais atrozes de todos os tempos”, disse, em referência à escalada de guerras e crises humanitárias.
Guterres destacou que o mundo atual caminha para uma nova fase multipolar, mas advertiu que isso não pode significar o enfraquecimento da cooperação global. “Num mundo onde as fronteiras estão ameaçadas, o isolamento é uma ilusão”, afirmou.
Ele pediu uma “reconexão com os princípios fundadores da ONU”, defendendo a centralidade do direito internacional, da justiça e dos direitos humanos.
Chamado à responsabilidade
O secretário-geral insistiu que as escolhas dos países não são “parte de um debate ideológico”, mas sim uma questão de vida e morte para milhões de pessoas. Ele citou como sinais de alerta as cidades bombardeadas, a fome provocada por governos, a ascensão do nível dos oceanos e a destruição de áreas costeiras.
“Estou convencido de que podemos passar esses testes, porque as pessoas estão exigindo algo melhor. Devemos a elas um sistema que mereça sua confiança e um futuro que valha seus sonhos”, concluiu.