O Governo português entregou no dia 10 de outubro, no Consulado-Geral de Portugal em São
Paulo, 36 ampolas de Fomepizole injetável às autoridades brasileiras, em resposta a um
pedido urgente do Brasil. O medicamento é considerado fundamental no tratamento de doentes afetados por intoxicação por metanol, que tem causado várias vítimas em diferentes regiões do país.
O Brasil enfrenta, desde o início de outubro, uma grave crise de saúde pública provocada por
intoxicações com metanol presente em bebidas alcoólicas adulteradas. O Ministério da Saúde
do país confirmou 11 casos de envenenamento e mais de uma centena de notificações em
investigação, sobretudo no estado de São Paulo.
As vítimas apresentaram sintomas como dores abdominais, náuseas e perda de visão, com registo de mortes associadas à ingestão do produto tóxico. O metanol, utilizado industrialmente em combustíveis e solventes, foi adicionado ilegalmente a bebidas destiladas, aumentando a margem de lucro de produtores clandestinos. As autoridades brasileiras apontam a existência de redes criminosas envolvidas na adulteração das bebidas.
A operação de combate envolve a Polícia Federal, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) e secretarias estaduais de saúde. A gravidade do surto levou à mobilização
internacional: o Governo português enviou recentemente mais de três dezenas de ampolas do
medicamento Fomepizole para apoiar o sistema de saúde brasileiro. O caso também teve
repercussões comerciais, com alguns países a suspender temporariamente a importação de
bebidas brasileiras suspeitas de contaminação.
Segundo o governo de Portugal, a iniciativa visa “apoiar o Brasil na superação da atual
emergência sanitária e reforçar a cooperação luso-brasileira na área da saúde, considerada
uma prioridade bilateral”.